A praça da Cinelândia se tornou um grande quilombo em celebração ao Dia Municipal do Jongo na noite da última segunda-feira (24). A Câmara Municipal abriu as portas para receber duas das mais tradicionais rodas de jongo do Rio de Janeiro, e os mestres e mestras dos jongos da Serrinha e o Caxambu do Salgueiro foram homenageados com moções de louvor e reconhecimento e também receberam o Prêmio Vovó Maria Joanna, honraria que homenageia grupos e coletivos que garantem a preservação do ritmo ancestral.
A data escolhida marca o aniversário de vovó Maria Joana, jongueira tradicional do Morro da Serrinha e uma das fundadoras da escola de samba Império Serrano. “Ela começou a implementar o jongo dentro da Serrinha e as pessoas de 30, 40, 50 anos já levaram para a juventude e, hoje, as crianças da Serrinha, com 3 e 4 anos, também fazem roda de jongo. Por isso, não tem como o projeto não levar o nome dessa referência”, disse a vereadora Monica Cunha.
Ivo Mendes, jongueiro e filho de Vovó Maria Joanna, se emocionou ao falar sobre a importância do reconhecimento para quem trabalha para manter essa cultura viva. “O jongo tem uma grande importância pra gente. É muito importante para todos nós reconhecer o trabalho dos jongueiros e ter o rosto da Vovó Maria como referência é muito bonito de ver”, afirmou.
Durante o dia diversas atividades foram feitas na casa, incluindo a visitação de crianças jongueiras pelos espaços do Palácio Pedro Ernesto e uma Feira Afro Brasileira com expositores de comidas típicas e moda afro. As homenagens tiveram o intuito de fazer uma ponte entre a política institucional e cultura popular.
“Estou muito emocionada, assim como várias famílias que estão aqui In Memoriam de jongueiros que se foram e que tanto lutaram pela cultura do jongo e para que ela não fosse esquecida”, afirmou a integrante do grupo Jongo da Serrinha, Lazir Silval.
Uma das homenageadas da noite foi a jongueira, Deli Monteiro, neta de Vovó Maria Joanna. “Essa homenagem que está acontecendo hoje para mim é maravilhoso porque a minha avó lutou muito para que o jongo resistisse. Antigamente não podia colocar crianças e hoje pode porque ela queria que colocasse para que essa cultura não morresse jamais”.
Monica Cunha afirmou que fazer essa comemoração é reafirmar a importância de visibilizar a cultura negra. “Essa foi a primeira comemoração do Dia Municipal do Jongo. Quando criei essa lei, foi pensando na valorização e fortalecimento da nossa cultura. Isso é trazer visibilidade a ancestralidade do nosso povo, principalmente da maioria da população do Rio que é a população negra”, disse a vereadora.
O jongo, ou caxambu é um ritmo que teve suas origens na região africana do Congo-Angola. Chegou ao Brasil-Colônia com os negros de origem bantu trazidos como escravos para o trabalho forçado nas fazendas de café do Vale do Rio Paraíba, no interior dos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo.
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