O Recife recebe nesta quinta-feira (27), das 14h às 21h, um dos encontros mais marcantes do calendário cultural brasileiro. A 5ª edição do Festival Pernambucano de Literatura Negra reúne, pela primeira vez, duas referências fundamentais do pensamento afro-brasileiro contemporâneo: Cida Bento, de São Paulo, e Inaldete Pinheiro, radicada em Pernambuco. O evento acontece no Auditório Dom Helder, da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), com entrada gratuita, por meio de incentivo da Fundarpe e do Governo de Pernambuco via Funcultura.
A edição integra a programação do Mês da Consciência Negra e contará com mesas de debate, lançamento de livros, apresentações culturais e um sarau. O público-alvo inclui estudantes, professores, pesquisadores e moradores interessados em literatura e ativismo.
As homenageadas

Cida Bento, nascida em 1952, é uma das intelectuais mais influentes no debate sobre racismo institucional e branquitude no Brasil. Psicóloga, cofundadora do CEERT e autora de obras essenciais como “O Pacto da Branquitude”, ela consolidou impacto nacional e internacional ao analisar estruturas de poder e privilégios nas instituições brasileiras. Participou da Conferência Mundial contra o Racismo, em Durban (2001), e hoje integra conselhos e programas nacionais e internacionais de direitos humanos.

No mesmo palco estará Inaldete Pinheiro, pioneira da literatura infantil afro-brasileira. Educadora, poeta e pesquisadora, ela construiu ao longo de seis décadas uma obra dedicada à memória afro-potiguar, à oralidade e à representação de crianças negras na literatura. Títulos como O Mar que Banha a Ilha e Severino, o Menino das Veredas se tornaram referências pedagógicas em escolas e projetos comunitários.
A idealizadora do festival, Jaqueline Fraga, jornalista, escritora e finalista do Prêmio Jabuti, destaca a dimensão histórica da homenagem: “Estamos emocionados diante de duas figuras potentes da nossa cultura literária. Será um encontro para guardar na memória de cada um de nós”, afirma.
Com presenças que atravessam gerações e territórios, o festival reafirma Pernambuco como polo fundamental na difusão da literatura negra e na construção de debates sobre identidade, memória e justiça racial no Brasil.









