Fashion Revolution Week debate o racismo na moda

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O Fashion Revolution Week, chega a sua oitava edição e tem como mote os direitos humanos e os direitos da natureza, debatendo e abordando o racismo na moda. O evento que teve início na última segunda-feira (19) e encerra suas atividades domingo (25), tem como foco principal discutir sobre práticas para a construção de uma moda mais diversa e representativa. O Instituto Fashion Revolution vê na desconstrução do racismo uma oportunidade de transformar esse mercado tão desigual.

O Fashion Revolution Week chega a sua 8ª edição – Foto: Clarke Sanders

Moda Brasileira

A indústria têxtil no Brasil, segundo a Associação Brasileira da Industria Têxtil (ABIT), gera mais de 1,5 milhão de empregos diretos e 8 milhões de empregos informais, dos quais 75% são formados por mão de obra feminina. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), 56,1% da população brasileira formada de pretos e pardos e 47,4% dessa população está inserida no mercado informal. O cruzamento dos dados aponta que uma parcela significativa de pessoas negras integra alguma posição da cadeia produtiva, mas, em sua grande maioria, em trabalhos considerados invisíveis, braçais.

Transparência fornece ferramentas para o combate do racismo na moda

O Índice de Transparência na Moda do Fashion Revolution objetiva ser uma ferramenta que incentiva grandes marcas a divulgarem informações sobre suas cadeias de fornecimento. A transparência dos dados possibilita apontar e proteger as pessoas vulnerabilizadas ao longo da cadeia, ao passo que responsabiliza as marcas por suas práticas e ações. Na terceira edição do Índice, foram analisados 221 indicadores, entre os quais destaca-se a igualdade racial. Os dados mostram que, das 40 marcas analisadas, 60% tem políticas contra a discriminação mas apenas 35% demonstram explicitamente como essas políticas são implementadas. Carol Barreto, designer, artista visual e professora no encontro sobre moda e racismo, exibido no canal do evento, aponta que para tornar a moda menos racista é necessário que “pessoas pretas estejam ocupando lugares de construção do conhecimento, estejam dentro da Academia, dos ateliês, nas passarelas”, afirma.

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Crise na moda

Segundo Renato Pereira, empreendedor e designer, numa crise social, como a ocasionada pela pandemia, a população preta é a mais atingida, pois se encontra num grau máximo de vulnerabilidade. A Pesquisa Pulse Empresa – impacto da Covid-19 na empresas do IBGE, constata que sete entre cada dez empresas em atividade, a pandemia implicou a diminuição de vendas e serviço. O impacto foi maior entre as empresas de pequeno porte, com até 49 funcionários, em que 70,9% reportam redução nas vendas. “E a moda, intricada como está em sua realidade, acaba refletindo isso, o que impacta diretamente na circularidade da moda preta, feita por pequenos ateliês por todo Brasil”.

Tragédia na moda

No dia 24 de abril de 2013, uma grande tragédia atingiu um centro de moda em Bangladesh, na Índia. Um prédio abrigava mais de 5000 empregados em uma fábrica de roupas ilegal, responsável por abastecer as marcas internacionais desabou, deixando 1.100 mortos e outras 2.500 pessoas feridas. Em memória desse dia, foi criado o Fashion Revolution Day, que reúne designers de moda, professores, alunos, profissionais da imprensa e consumidores, com o objetivo de aumentar a conscientização sobre o verdadeiro custo das roupas, e buscar soluções sustentáveis para o futuro da moda.

Em 2013, um Edifício na Índia desabou, deixando 1.100 mortos – Foto: France Press

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