A Comissão Pastoral da Terra (CPT) divulgou nesta segunda-feira (08) que desde o dia 1º de setembro as famílias do Quilombo Grotão, na zona rural de Filadélfia, Tocantins, convivem com um incêndio que se estendeu por mais de cinco dias. As chamas ameaçaram roçados, casas e extensões de Cerrado nativo, sem qualquer intervenção de órgãos responsáveis.
Os moradores atribuem o início do fogo a um cabo elétrico rompido após a queda de uma árvore sobre a rede que cruza o território. Outras árvores também já caíram, e algumas permanecem sob risco, em razão do avanço das chamas. A comunidade afirma que a concessionária de energia não realiza podas preventivas, limitando-se a atender emergências quando já há acidentes ou falhas no fornecimento.
Graças ao esforço coletivo dos próprios quilombolas, parte do fogo foi controlada. Ainda assim, áreas consideradas estratégicas foram destruídas, entre elas o “Brejo da Maria Viúva”, fonte de água para a comunidade e espaço de grande importância para a biodiversidade local.

A população relata que pedidos de apoio à Naturatins, à Defesa Civil e ao Corpo de Bombeiros não resultaram em ações concretas. Um boletim de ocorrência foi registrado na Polícia Civil para cobrar responsabilização. A Comissão Pastoral da Terra – Regional Araguaia–Tocantins acompanha a situação e pressiona autoridades para conter os danos.
“Hoje, estamos sozinhos enfrentando o fogo. Estamos fazendo a nossa parte, mas precisamos de apoio imediato antes que a tragédia seja ainda maior”, afirmou uma liderança da comunidade. Ela também recordou que muitas famílias ainda não têm acesso à energia elétrica, apesar de reivindicações antigas e da promessa do Programa Luz para Todos. “O que chegou na nossa porta foi o medo e a destruição causada pelo fogo”, completou.
O Quilombo Grotão exige ações emergenciais de contenção, além de medidas de prevenção que evitem novos episódios de devastação no Cerrado, bioma vital e reconhecido como berço das águas do Brasil.
Leia mais notícias por aqui: Confusão: ativista português anti-imigração pede retorno de brasileiros no 7 de Setembro, em Lisboa