”Quero voltar a treinar”, diz ginasta Angelo Assumpção, sem clube desde 2019 após ser demitido por denunciar racismo

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Foto: Agence France-Presse (AFP)

Foto: Agence France-Presse (AFP)

Angelo Assumpção, 24 anos, atleta da ginástica artística e especialista em solo e salto, campeão da Copa do Mundo de 2015, dentre outros prêmios importantes, está desde 2019 sem clube por denunciar episódios de racismo sofridos por ele no Esporte Clube Pinheiros-SP. Após levar o ocorrido para administração do clube, Assumpção foi suspenso por 30 dias e após retornar da punição, teve o seu contrato rescindido pela instituição.

Em entrevista ao Portal Notícia Preta, o ginasta especialista em solo e salto falou do impacto de estar sem clube. “fazemos academia, tentamos fazer alguma coisa dentro de casa, mas a ginástica é um esporte muito específico, com três aparelhos no masculino e quatro no feminino que são muitos caros, o tablado por exemplo custa 300 mil reais e ainda precisamos de espaço para isso. Então, estou há um ano e meio – quase dois anos -, parado, tentando se adaptar a tudo isso. É um atraso que tenho que lidar”, comentou.

Angelo começou na ginástica em 2003, aos 7 anos de idade, fazendo testes para clubes como São Bernardo, São Caetano, Pinheiros e Hebraica junto com seu primo e irmão. Ele foi o único aprovado para treinar em todos os clubes. O curioso é que a escolha pelo clube que iria treinar veio após um sonho que sua mãe teve, Magali Dias, que conta que o filho iria treinar num clube grande que tivesse elevador. Para sorte do destino, o único com essa estrutura era o Pinheiro, onde o atleta atuou por 17 anos, durante sua infância e adolescência.

Assumpção no período de participação no clube, só não fez parte da seleção brasileira de ginástica durante o seu primeiro ano de treinamento. Desde jovem ele se mostrou uma potência dentro do esporte ganhando campeonatos nacionais e internacionais e em 2015 se destacou ainda mais ao ganhar a Copa do Mundo de Ginástica, em São Paulo, desbancando o medalhista olímpico Diego Hypolito.

Foto: Ricardo Bufolin/CBG

Com 17 anos de profissão, o ginasta tem mais de 15 títulos nacionais na sua carreira. Já foram seis ouros do Campeonato Brasileiro categoria individual, outras seis medalhas douradas no Brasileiro por equipe, três vezes campeão Sul Americano, e um ouro na Copa do Mundo. Além disso, disputou campeonatos também por times internacionais, como na França.

PUNIDO POR DENUNCIAR O RACISMO

“A vida de todo mundo está seguindo mas por que a minha não? A minha indignação é essa. Eu não tive o direito de conseguir trabalhar depois que sair do Pinheiros, eu não tive outra porta aberta”, lamenta o atleta, que trabalha há 18 anos como ginastica.

”Não sou da visão radicalista de ser é um lado ou outro, nunca levei isso em todas as vezes que tentei conversar publicamente e sempre busquei o diálogo, mas esse diálogo tem somente do meu lado. É muito triste até hoje você tentar conversar e não conseguir, e eu quero treinar, nesse momento todo que falei é isso, só quero treinar. Meu posicionamento foi buscando isso e eu não existe um arrependimento pois as pessoas não sabiam o que estava acontecendo comigo e não sou uma exceção.” afirmou.

Assumpção não conseguiu competir nas olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro e 2020 na cidade de Tóquio, Japão, que devido a pandemia começará em julho de 2021, porém não foi por falta de potencial e resultado essas suas não participações nas duas olimpíadas. “Quando terminou as olimpíadas de Londres eu já era um cara cotado para ir à seleção adulta, ano de 2019 ganhei Campeonato Paulista e internacionais pelo Pinheiros, então o resultado não faltou para estar na seleção e fazer as seletivas.”

No entanto, Angelo Assumpção não participará das Olimpíadas de Tóquio 2020. “Infelizmente as coisas começaram a se perpetuar dentro do clube novamente depois de 2015 e eu queria que a gente pudesse conversar de novo, tentei depois que passou o Campeonato Brasileiro mas eu não fui bem recebido em nenhuma das vezes, eu poderia está treinando e participando das Olimpíadas, fico triste por não estar participando desses processos. Mas eu sou positivista, não que não tenha momentos ruins, e voltando a treinar vamos torcer para tudo der certo, trabalhando bastante aqui ou fora do Brasil e conseguir assim está na próxima olimpíada” concluiu.

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