Projeto promove acesso às obras de Benjamin de Oliveira, primeiro palhaço Negro do Brasil

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Um projeto cultural representativo. Esse é o propósito do Benja em Mim – 1°Círculo de Pesquisa em Palhaçaria Negra, que realiza a recuperação do acervo de obras do primeiro palhaço negro do Brasil com visibilidade, Benjamin de Oliveira, reconhecido como tal, que produziu alegria em tempos de escravização.

A pesquisa cultural, idealizada e coordenada por Mariele Cristina Conceição, palhaça Mar, é uma oportunidade de formação circense. Ao mesmo tempo, o legado artístico de Benjamin é importante para diversas áreas, como antropologia, ciências sociais, educação, dentre outras. Os trabalhos desenvolvidos possuem acessibilidade em libras, incluem a qualificação, difusão e valorização da palhaçaria negra.

Benjamin de Oliveira é considerado o primeiro palhaço negro do Brasil – Foto: Divulgação

“Convidamos o público em geral para estudarmos a dramaturgia de Benjamin de Oliveira. O Projeto Benja em Min contribui para as artes, para a reparação histórica e justiça social. Nas graduações, nos cursos de formação e na sociedade em geral, é necessário romper com o epistemicídio. As autorias negras, os acervos que poderiam ser patrimônio, domínio público, por vezes estão se apagando por conta do racismo. Nas obras de Benjamin existe potência, inspiração e muitas referências”, pontua.

O link de acesso ao banco de dados, onde ficarão as peças, os Círculos de Pesquisa e o Grupo de Whatsapp pode ser acessado aqui: https://linktr.ee/benjaemmim . O Projeto Benja em Min é realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte.

Nesse 1° Círculo de Pesquisas, o Projeto Benja em Min promove a transcrição de sete Obras de Circo Teatro de Benjamin de Oliveira; nove Círculos de Pesquisa sobre as Peças revitalizadas com acessibilidade em Libras.; quatro Consultorias de Pesquisa Virtuais; e duas oficinas em escolas municipais de Belo Horizonte.

Benjamin de Oliveira nasceu em 1870 no interior de MG, na atual cidade de Pará de Minas, em um Brasil ainda escravocrata, Benjamin de Oliveira nasceu, negro, filho de pessoas escravizadas. Aos 12 anos, ele foge com o Circo Sotero e percorre o sertão mineiro com a Companhia, se tornando um artista completo e diferenciado no fazer teatral até então, porém, sempre fiel ao picadeiro. Benjamin foi um multiartista, palhaço, ginasta, acrobata, músico, cantor, dançarino, ator, autor de músicas e peças teatrais e diretor de companhia.

“Não se conta a história da música, dança, cinema, teatro, cenografia, coreografia sem falar de circo e sem falar de Benjamin”, disse Ermínia Silva (in memorian), autora do livro Circo-teatro: Benjamin de Oliveira e a teatralidade circense no Brasil. “Ele representa toda a riqueza e complexidade que representava a produção circense até 1950, 1960”.

Neste ano comemora-se 154 anos do nascimento de Benjamin de Oliveira. Pessoas e Coletivos de Palhaçaria Negra estão em mobilização para criar uma celebração dia 12/06, data de seu nascimento. Quem deseja somar a esta iniciativa pode acessar este link para construção conjunta da ação.

Um combate à colonização do saber e das artes

O projeto é, sobretudo, uma homenagem à memória de Benjamin e ao legado que deixou para a história do circo, palhaçaria e artes cênicas, uma vez que se tornará de domínio público, pois o acervo estará disponível em plataforma virtual. De acordo com a idealizadora, esse projeto vem em defesa do protagonismo da palhaçaria negra.

“Nesta edição do Projeto focamos em pessoas negras, periféricas, da palhaçaria em Belo Horizonte. Houve Chamada Pública e vieram profissionais de outros estados para compor a equipe e à medida que vamos rompendo o racismo, temos consciência da imensidão de circenses que existem e lutam dia a dia para se produzir em meio a invisibilidade. Benjamin está em Mim, em nós”, explica.

Grande parte da pesquisa das obras e acervo histórico foi realizada no Museu Histórico de Pará de Minas (MUSPAM), cidade onde o artista nasceu, que guarda 14 obras de Benjamin de Oliveira. O MUSPAM é uma instituição parceira. E a TV Matracas, Web TV com programas protagonizados por pessoas do continente africano e do Brasil, também acolhe o Projeto.

“Esse trabalho tem permitido movimento, reflexões, redes e continuidade do nosso fazer. Já encontramos nas peças de Benjamin, referências ao Jongo, a personalidades negras. E é muita honra caminhar mais um passo neste movimento Sankofa, em meio a muitas iniciativas potentes, protagonizadas por pessoas negras, como o Quilombo Benjamin, concebido por Wildson França, o enredo da Escola de Samba da Salgueiro”, comenta a pesquisadora e idealizadora Mariele Cristina Conceição.

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“Além disso, temos também os Festivais em Memória a Benjamin na Cidade de Pará de Minas articulados em parceria com o Circolino, a Mostra Benjamin, em Belo Horizonte, organizada pela Cia Burlantins e Napele Produções, o Projeto Na Lona de Benjamin, do Coletivo Catapum e a Montagem de Benjamin que acontecerá aqui na cidade com o Projeto de Vinicio Queiroz”, finaliza Mariele.

Confira a programação completa clicando aqui.

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