Histórias emocionantes, de determinação e superação, somadas à ciência e tecnologia. Essa é a narrativa do projeto “Empoderando a participação Feminina Negra na Evolução das Ciências”, criado por uma equipe do Laboratório de Realidade Aumentada e Realidade Virtual do Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro, que faz parte da Faetec. Por meio das Inteligências Artificiais Generativas (IA), a exposição virtual de vídeos narra a trajetória de cientistas negras que se destacaram ao longo dos anos.
O projeto já foi reconhecido, ao ser premiado em 1º lugar na categoria Divulgação Científica na 18ª Feira de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado do Rio de Janeiro (FECTI), que aconteceu no final de novembro, e início de dezembro.
“A Inteligência Artificial (IA) busca facilitar processos pedagógicos e o ensino-aprendizagem. Com a IA podemos criar experiências imersivas e interativas, além de fazer a divulgação científica, como foi o caso desse projeto. Esse projeto enfatiza a importância e a necessidade de que cada vez mais alunas negras estejam em espaços acadêmicos. Cada história de sucesso dessas cientistas serve como incentivo e inspiração para outras meninas e mulheres”, destaca a orientadora e professora de Informática do Iserj, Patrícia Amorim.
Os vídeos criados a partir de Inteligências Artificiais Generativas (IA) fazem parte da exposição online intitulada “Museu das Cientistas Pretas”. A exposição pode ser visualizada em computadores, por smartphone/tablet ou em interação com óculos de Realidade Virtual.
A aluna do 3º ano do curso Técnico em Informática do Iserj, Paloma Lima, de 19 anos, explica como foi a produção do projeto.
“O projeto em si demorou uns cinco meses. Foram muitas horas de dedicação e aprendizado. O que eu mais gostei foi poder conhecer um pouco mais de cada cientista do projeto. Algumas eu conhecia, mas confesso que a maioria eu nem fazia ideia. Precisamos valorizar e divulgar cada vez mais sobre os feitos de mulheres”, contou a estudante.
Para ver a exposição virtual, acesse: Exhibitions
Saiba quem são as 11 cientistas homenageadas:
JOANA D’ARC FÉLIX DE SOUZA (1963) – Química – São Paulo, Brasil.
A partir do resíduo do setor de couro (calçadista) desenvolveu uma pele artificial similar à pele humana para ser usada em queimadura e transplantes; produziu colágeno para o tratamento de osteoporose e osteoartrite; cimento ósseo para reconstituir fraturas e outros feitos. A cientista possui 62 prêmios e 15 patentes.
SÔNIA GUIMARÃES (1956) – Física – São Paulo, Brasil.
Primeira mulher negra doutora em Física no Brasil. Professora do ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica). Gerente de projetos de Sensores da Radiação Infravermelha (SINFRA). Física Aplicada com ênfase em propriedades eletrolíticas de ligas semicondutoras/ Dispositivos Fotocondutores.
MARCELLE SOARES SANTOS (1982) – Astrofísica – Espírito Santo, Brasil.
Estuda a natureza da expansão acelerada do universo usando alguns dados dos telescópios mais poderosos já construídos. Foi reconhecida pela Fundação Alfred P. Sloan como uma das melhores jovens cientistas na ativa e parte da “Vanguarda da Ciência do Século XXI”.
NADIA MOHAMMED ELMASSALAMI AYAD (1994) – Engenheira de Materiais – Rio de Janeiro, Brasil.
Cientista brasileira formada pelo Instituto Militar de Engenharia (IME) e doutoranda na Universidade da Califórnia. Em 2016, ganhou o prêmio internacional Global Graphene Challenge Competition. Desenvolveu um mecanismo de filtragem e um sistema de dessalinização da água, fazendo com que ela se tornasse potável, a partir do uso do grafeno.
JAQUELINE GOES DE JESUS (1989) – Biomédica – Bahia, Brasil.
Foi uma das coordenadoras da equipe de pesquisadores que realizou o primeiro sequenciamento do genoma coronavírus circulante na América Latina – apenas 48 horas após a confirmação do primeiro caso de Covid-19 no Brasil. Pesquisadora negra com grande representatividade na defesa da Ciência. Atualmente desenvolve pesquisas em nível de pós-graduação do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo da Universidade de São Paulo (IMT/USP).
ALICE AUGUSTA BALL (1892) – Química e Farmacêutica – Seattle, EUA.
Foi a primeira pessoa negra a obter o título de mestre pela Universidade do Havaí. Desenvolveu um óleo injetável eficaz para o tratamento da Hanseníase, até os anos 1940.
GLADYS MAE WEST (1930) – Matemática – Condado de Dinwiddie, EUA.
Coletou dados de localização espacial dos satélites em órbita. Esses dados foram a base para a tecnologia GPS.
ANNIE J. EASLEY (1933) – Matemática e Cientista da Computação e Foguetes – Alabama, EUA.
Trabalhou na Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço (NASA) e no Comitê Consultivo Nacional para Aeronáutica (NACA). Foi um dos principais membros da equipe que desenvolveu software para o estágio de foguetes Centaur. Uma das principais pessoas negras a trabalhar como cientista da computação na NASA.
SEGENET KELEMU (1957) – Bióloga e Botânica – Finote Selam, Etiópia.
Pesquisa sobre patologia molecular de plantas, que vem contribuindo para melhorar as condições agrícolas na África, Ásia, América Latina e América do Norte. Descobriu como produzir as plantas mais resistentes às doenças e as alterações climáticas, a fim de alimentar o gado de forma sustentável.
QUARRAISHA ABDOOL KARIM (1960) – Médica Thongathi, África do Sul.
Membro da Academia de Ciências da África do Sul e também da Academia Africana de Ciências. Desenvolveu um gel microbicida e também um anel vaginal, dois métodos que reduzem os riscos de infecção do vírus HIV em cerca de 40%.
IJEOMA UCHEGBU (1970) – Ciências Farmacêuticas – Nigéria.
Pesquisa na área de Nanociências e Polímeros. Principal diretora científica da Nanomerics, uma empresa farmacêutica de nanotecnologia especializada em soluções de administração de medicamentos para medicamentos pouco solúveis em água, ácidos nucleicos e peptídeos.
Leia também: Recôncavo Afro Festival começa nesta quarta em Cachoeira (BA) com entrada gratuita