Entre os presidentes dos times que disputam o Brasileirão, só há uma mulher e nenhuma pessoa negra

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Dos 20 times que estão na série A do Campeonato Brasileiro, o maior campeonato de futebol do país, o número de presidentes negros é zero e apenas um é comandado por uma mulher, segundo levantamento feito pelo Terra NÓS. Esse cenário é contraditório, pois ao mesmo tempo que o futebol é um dos esportes mais populares entre a população negra, também é o que tem registros frequentes de episódios de racismo. Para além disso, percebemos que o protagonismo negro vem dentro de campo, e não nos espaços de tomada de decisão.

Cabe também destacar que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que 56% da população brasileira é negra, ou seja, percentualmente, mais da metade do país é composta por pessoas pretas e pardas. Já a liderança dos clubes é 100% branca. Ainda segundo o IBGE, a população brasileira é composta por 48,9% de homens e 51,1% de mulheres. A liderança feminina na presidência dos clubes representa apenas 5%.

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Segundo estudo, não há presidentes negros no comando dos times de futebol que disputam o campeonato brasileiro. Foto: Freepik

De acordo com o Relatório Anual de Discriminação Racial de 2021, realizado pelo Observatório da Discriminação Racial no Futebol e pelo Museu da Universidade Federal do Rio Grande do Sul/PROREXT, foram 158 registros de racismo no esporte, mesma taxa recorde de 2019. A contabilização começou a ser feita pelo Observatório em 2014. Se por um lado cresce o número de ataques racistas, por outro homens brancos seguem dominando os espaços de poder, e pouco trabalhando para combater o racismo nos campos. 

Brasil progrediu, mas representatividade ainda é pouca

O diretor do Observatório da Discriminação Racial no Futebol, Marcelo Carvalho, disse ao Uol que a discussão sobre o tema evoluiu no Brasil na última década, indo além dos casos individuais e entrando no ponto da direção dos clubes.

“Não me surpreende [a falta de negros entre técnicos e presidentes de clubes da série A]. O futebol pouco discutiu o racismo para além das quatro linhas. Essa discussão foi construída nos últimos anos, é algo recente”, afirma. 

Marcelo acredita, no entanto, que o futebol brasileiro deu uma espécie de “primeiro passo” ao ampliar o debate.

“Estamos trilhando um caminho. É possível dizer que a discussão vem aumentando, dentro e fora do campo, até mesmo na imprensa. E devemos olhar até para a CBF, que não tratava do assunto racismo e mudou de comportamento após ter como presidente um homem negro”, explica Marcelo, referindo-se ao baiano Ednaldo Rodrigues. 

Times e presidentes

Os times que compõem a série A do Brasileirão são: Fluminense, Flamengo, Athletico-PR, Botafogo, Bragantino, Corinthians, Palmeiras, Vasco, Grêmio, Fortaleza, Internacional, Bahia, Cruzeiro, São Paulo, Atlético-MG, Cuiabá, Santos, Goiás, Coritiba e América-MG.

Presidem os clubes acima, respectivamente, Mário Bittencourt, Rodolfo Landin, Mario Celso Petraglia, Durcesio Mello, Marquinho Chedid, Duílio Monteiro Alves, Leila Pereira, Jorge Salgado, Alberto Guerra, Marcelo Cunha da Paz, Alessandro Barcellos, Guilherme Bellintani, Sérgio Santos Rodrigues, Julio Casares, Sérgio Batista Coelho, Alessandro Dresch, Andrés Rueda, Paulo Rogério Pinheiro, Juarez Moraes e Silva e Marcus Salum.

Mariane Del Rei

Mariane Del Rei

Jornalista e escritora, é ganhadora do Prêmio Rede Globo de Jornalismo e tem três livros publicados. Já passou por empresas como TV Globo, TV Brasil, International Committee of Red Cross, FSB Comunicação. Escreve sobre negritude, política internacional, direitos humanos, comunidade LGBTQIA+, meio ambiente e mulheres.

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