Observatório da Discriminação Racial no Futebol completa 9 anos

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Criado em 2014, o Observatório da Discriminação Racial no Futebol completou nove anos nesta terça-feira (2). Parceiro da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), o projeto tem o objetivo de lutar contra o racismo e a discriminação no futebol brasileiro, e nos últimos anos tratando também de combater casos de preconceito e discriminação como machismo, lgbtfobia e xenofobia.

Ao Notícia Preta o idealizador da iniciativa, Marcelo Carvalho, afirmou que avalia os trabalhos realizados pelo projeto como impactantes e muito relevantes. “O futebol brasileiro nunca parou para discutir o racismo dentro do futebol brasileiro. O trabalho do Observatório é relevante porque ele trouxe dados, e a partir daí a gente está discutindo o racismo no futebol brasileiro. Deixou-se de falar que casos de racismo no futebol eram casos esporádicos, para hoje se ter a certeza que é uma realidade”.

Observatório
Observatório da Discriminação Racial no Futebol completou 9 anos. Arte: Junior Souza

Ao longo dos nove anos monitorando, acompanhando e noticiando os casos de racismo no futebol brasileiro, e a partir dos dados levantados o observatório lança anualmente o Relatório da Discriminação Racial, que aborda também dados relativos a outros esportes envolvendo atletas brasileiros e outras formas de preconceito e discriminação. Marcelo destaca que o Observatório também promove um debate sobre a ausência de pessoas negras em cargos de gestão no futebol.

Sobre o legado que espera que o Observatório da Discriminação Racial no Futebol deixe, Marcelo Carvalho conta que espere que os debates iniciados gerem outros debates relevantes não apenas para o meio do futebol, mas também para toda a sociedade.

“Espero que a gente continue avançando nesse debate, que a gente deixe de pensar o futebol como um espaço de alienação e comece a pensar o futebol como um espaço político, que precisa ser ocupado, disputado. Então a gente precisa discutir que futebol é esse, que espaço é esse que passa milhões de mensagens par a nossa população”, diz Marcelo, que defende que jogadores, principalmente os negros, sejam politizados, já que assumem uma posição de destaque e de exemplo e que o debate envolva também os dirigentes dos clubes e marcas patrocinadores, para que também olhem para a diversidade com a devida importância.

Marcelo Carvalho no Seminário de Combate ao Racismo e à Violência no Futebol /
Créditos: Lucas Figueiredo/CBF

Além disso, o Seminário de Combate ao Racismo e à Violência no Futebol é outra conquista do projeto. A a primeira edição do evento foi realizada pela CBF no último ano, e contou com a presença dos presidentes da FIFA e Conmebol, Gianni Infantino e Alejandro Dominguez, respectivamente, membros do governo e artistas como Gilberto Gil e Antônio Pitanga, para debater sobre a promoção de um futebol mais igualitário.

Sobre a parceria com a CBF, Marcelo diz que é muito importante pois estão dialogando diretamente com quem comanda o futebol brasileiro. “Quando a CBF abre as portas do Observatório para ouvir as demandas, quando abre as portas para dar o subsídio financeiro para que o projeto continue produzindo as pesquisas, para o seminário, a gente está tendo a maior entidade do futebol brasileiro do nosso lado”.

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Bárbara Souza

Bárbara Souza

Carioca da gema, criada em uma cidade litorânea do interior do estado, retornou à capital para concluir a graduação. Formada em Jornalismo em 2021, possui experiência em jornalismo digital, escrita e redes sociais e dança nas horas vagas. Se empenha na construção de uma comunicação preta e antirracista.

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