Presidente da Liesa minimiza falta de jurados negros: ‘Não envolve credo, religião nem nada’ 

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A apuração dos desfiles das escolas de samba do grupo Especial do Carnaval do Rio de Janeiro, na tarde de quarta-feira (22/2), repercutiu bastante nas redes sociais. Internautas criticaram a falta de representatividade pelo de a maior parte do corpo de jurados da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa) ser formado por brancos.  
 
Segundo Jorge Perlingeiro, presidente da Liga, todos os jurados escolhidos possuem capacidade e conhecimento para dar avaliar as escolas de samba, independente de credo, cor e religião. 

Jorge Perlingeiro, presidente da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa). Foto: Divulgação/ Liesa

“Não vou fazer o percentual de jurados negros porque eu não falo sobre isso. Acho que o tema não é relevante e gosto de falar sobre o carnaval. O julgamento, para mim, foi extremamente justo e a escolha aconteceu por competência e capacidade. Eu não vou pegar um médico para julgar samba-enredo. Quem vai julgar as fantasias e os figurinos são as pessoas que trabalham com moda. Não envolve credo, religião nem nada”, disse o presidente da Liesa. 

A lista completa com os 36 jurados foi divulgada no último dia 14, depois da conclusão de um curso realizado por três dias consecutivos. Ao longo do período, os jurados tiveram noções básicas do regulamento dos desfiles de 2023 e foram instruídos pela Liesa a respeito dos critérios que deveriam considerar ao atribuir notas de 9,0 a 10 para o desempenho das agremiações. O resumo do manual do julgador, disponível no site da entidade. 

A comissão julgadora foi definida pela Liesa. Foto: Divulgação/ Liesa

Críticas à falta de representatividade

A falta de jurados negros incomodou anônimos e famosos. A atriz e cantora Elisa Lucinda, que vive dona Marlene na novela “Vai na Fé”, da Rede Globo, utilizou o seu perfil no Twitter para questionar essa ausência. 

“Gente, por quê os jurados do Carnaval carioca são todos brancos? E, além disso, são designers de moda e joias, bailarinos clássicos… Não sei se tais quesitos tão eurocêntricos os habilita para julgar esta festa popular. Pronto, falei!”, tweetou a artista, que de imediato recebeu o apoio da cantora Teresa Cristina. “Queria saber quando os passistas irão até o Theatro Municipal julgar os bailarinos”, pontuou a sambista. 

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Jerson Pita

Jerson Pita

Jornalista, marqueteiro, pesquisador e periférico. Cria de Duque de Caxias, escreve sobre entretenimento, sociedade e esportes. No mestrado, pesquisa a autoridade jornalística e a migração da mídia tradicional para o Youtube.

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