O ministro da Cultura de Portugal, Pedro Adão e Silva, anunciou que o país vai iniciar um inventário para listar os bens culturais, obras de arte, objetos de culto e restos mortais oriundos dos países e nações colonizadas pelos lusitanos e que estão sob o poder daquele país.
O anúncio foi feito durante uma entrevista a um jornal português nesta sexta-feira (25). De acordo com Adão e Silva, o inventário tem como objetivo a devolução dos bens aos cerca de 15 países explorados por Portugal por mais de 400 anos, dentre eles o Brasil.
O ministro, disse contudo, que não pretende com a ação “abrir feridas com raízes históricas e causar desconforto” e por isso, quer o que tema seja tratado com reserva e discrição. “A forma eficaz para tratar este tema é com reflexão, discrição e alguma reserva. A pior forma de tratar este tema é criar um debate público polarizado, não contem comigo para isso”, disse o atual ministro da Cultura.
Dívida de Portugal ao Brasil
A dívida de bens culturais e obras de arte que pode ser restituída não considera o impacto de exploração do trabalho e do tráfico de pessoas escravizadas. Se, a título de observação, apenas o ouro retirado do país fosse devolvido, em termos atuais Portugal deveria cerca de RS256 trilhões de reais ao país de acordo com o valor atual do quilo de ouro.
A estimativa do historiador Virgílio Noya Pinto, autor do livro O Ouro Brasileiro e Comércio Anglo-Português, a mais utilizada por historiadores aponta que apenas no século 18 foram produzidos e enviados a Portugal 876.629 quilos de ouro, número que pode ser bem maior.