Polícia investiga grupo que fez vídeos para caçar pessoas na Zona Sul do Rio

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A Polícia Civil do Rio de Janeiro investiga a criação de um grupo, que tem lista de presença, aparece no vídeo com bastões, soco inglês prometendo “caçar” o que consideram infratores da ordem pública. O grupo de homens gravou vídeo prometendo fazer justiça com as próprias mãos e espancar suspeitos de crimes na Zona Sul do Rio.

David Gomes mestrando em planejamento urbano e diretor da Federação das Associações de Favelas do Estado do Rio de Janeiro (Faferj), acredita que os “justiceiros” podem gerar uma violência generalizada de moradores contra pessoas negras, já tão marginalizadas, que estejam circulando pela zona sul.

“É preciso que o poder público apresente soluções de prevenção a assaltos, mas também de preservação da integridade física das pessoas negras que circulam pela zona sul. Talvez se a Guarda Municipal não estivesse tão ocupada esculachando camelô a gente tivesse um efetivo para prevenir esses assaltos, disse David Gomes.

O vídeo viralizou nas redes sociais na última terça-feira (05) e, em postagens e comentários das redes sociais, é possível ver as pessoas se organizando e combinando de levar pedaços de pau e soco inglês para “fazer justiça com as próprias mãos” nas ruas. No vídeo, o grupo que aparece vestido de preto, escondendo o rosto e gritando que na “zona sul só tem playboy”.

Justiceiros de Copacabana – Foto: reprodução redes sociais

O secretário de Segurança Pública do Estado do Rio de janeiro, Vitor Santos, relembrou em entrevista ao G1 que fazer justiça com as próprias mãos é crime e que “não tem varinha de condão” para resolver os problemas de segurança pública de maneira mágica.

Além do vídeo gravado pelo próprio grupo, há outros vídeos que mostram pessoas sendo perseguidas, um homem negro ensanguentado, correria pelas ruas dos bairros Botafogo e Laranjeiras. Um print de uma conversa mostra um homem prometendo “quebrar o osso da cara” e “deixar eles piores do que deixaram o coroa”.

Os grupos de “justiceiros” não são uma novidade, já tendo atuado em outra época pela cidade. O que teria motivado o grupo, teria sido os últimos acontecimentos no bairro de Copacabana. Na última semana, um idoso foi agredido e ficou desacordado ao tentar ajudar uma vítima de assalto na Avenida Nossa Senhora de Copacabana.

Os dados do Instituto de Segurança Pública (ISP-RJ) mostram que o número de furtos contra pedestres em Copacabana aumentou 56% em um ano. Os furtos de celular aumentaram 34,9% e houve aumento de 23,5% do total de furtos.

O diretor da Faferj explica que discordo profundamente dessa posição que vingança e justiça com as próprias mãos seja pedagógico, “pois ela não tem respaldo na realidade. Se vingança fosse pedagógica o Rio seria a cidade mais segura e pacífica do Planeta”, diz ele.

Para ele , vingança e justiçamento só faz com que tenhamos uma escalada na violência e na barbárie. “Quem propõe esse tipo de ação não quer resolver o problema, nem reduzir a violência, mas apenas materializar seus pensamentos e desejos mais nefastos”, disse.

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