A Polícia Federal deflagrou nesta quarta-feira (10) uma operação contra uma organização criminosa especializada no tráfico internacional de mulheres para exploração sexual na Europa. A investigação, que já durava meses, identificou que o grupo aliciava brasileiras usando promessas de emprego, estabilidade financeira e oportunidades de modelos ou acompanhantes de luxo, narrativas frequentemente utilizadas por redes de tráfico humano.
Segundo a PF, as vítimas, em sua maioria jovens em situação de vulnerabilidade econômica, eram convencidas a viajar com todas as despesas pagas. No entanto, ao chegarem ao destino, tinham documentos retidos e eram obrigadas a se submeter à exploração sexual para “quitar dívidas” impostas pela quadrilha, um mecanismo típico de coerção usado para manter o controle sobre as mulheres.

A investigação aponta ainda que o grupo mantinha conexões com intermediários na Europa, responsáveis por vigiar as vítimas e garantir que elas não conseguissem abandonar o esquema. Mandados de busca e apreensão foram cumpridos em diferentes estados brasileiros, ampliando o alcance da operação.
A PF afirma que a quadrilha possuía uma estrutura sofisticada, que envolvia desde a etapa de recrutamento, muitas vezes feita pela internet e redes sociais, até a logística de envio ao exterior, com falsos contratos e orientações sobre como driblar a fiscalização migratória.
O tráfico internacional de pessoas é considerado uma das atividades criminosas mais lucrativas do mundo, atrás apenas do tráfico de drogas e de armas, segundo dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM). No Brasil, o Ministério da Justiça aponta que casos envolvendo exploração sexual são os mais recorrentes, e que o aliciamento costuma atingir mulheres jovens, negras e de baixa renda, perfil mais vulnerável a falsas propostas.
Além disso, investigações recentes têm mostrado que redes criminosas têm intensificado o uso de redes sociais para captar vítimas, oferecendo propostas aparentemente legítimas e criando vínculos emocionais ou financeiros para facilitar a cooptação.
Consequências legais e enfrentamento à exploração sexual
Os investigados podem responder por tráfico internacional de pessoas, organização criminosa, promover aliciamento, retenção de documentos e exploração sexual, crimes que têm penas que, somadas, podem ultrapassar 20 anos de prisão.
A Polícia Federal reforça que o combate ao tráfico humano é prioridade institucional e lembra que denúncias podem ser feitas de forma anônima pelos canais oficiais, como o Disque 100 e o Ligue 180, que funcionam em todo o território nacional.
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