Pesquisa revela que 6% das pessoas acham “estranho” ser atendidos por negros

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Um estudo da Oldiversity revelou que, 6% dos brasileiros admitem que “acham estranho ser atendidos por pretos” seja no comércio ou afins. A mesma pesquisa também mostrou que 73% dos entrevistados declaram que as empresas tem preconceito em contratar pessoas negras, e 44% afirmam que ao serem contratadoes, já sofreram discriminação racial no trabalho.

O estudo realizado pela Croma Consultoria falou com 2 mil brasileiros, em todo o território nacional, com cotas específicas considerando idade, gênero, classe social e região geográfica. No estudo, quando perguntados se às vezes tem atitudes que são consideradas racistas, 22% confirmaram que sim. O número é muito maior quando indagados se já sofreram algum tipo de discriminação racial, chegando a 69%.

Dados são de um estudo da Oldiversity / Foto: Pexels

Edmar Bulla, CEO do Grupo Croma e idealizador do estudo, explica que o racismo estrutural estampa diariamente uma desigualdade sistêmica que precisa de ações impactantes e contínuas para promover inclusão e justiça. 

“O engajamento de governos, instituições, organizações e sociedade civil são fundamentais no combate ao preconceito racial e à promoção da igualdade, pois somente através de esforços conjuntos e políticas públicas eficazes é possível construir uma sociedade mais justa e inclusiva, onde todos tenham as mesmas oportunidades e direitos, independentemente de sua raça ou etnia”.

Mas diversos especialistas afirmam que o país só terá um novo caminho através de oportunidades e educação. Segundo dados do Ipec, Instituto de Referência Negra Peregum e Projeto SETA, o ambiente escolar é apontado por 64% dos brasileiros entre 16 e 24 anos como o lugar onde mais sofrem racismo. Mulheres negras são maioria (63%) entre os que afirmam enxergar a raça como a principal motivadora de violência nas escolas. Como mudar este cenário se o cenário de cotas em universidades também é deficitário no país e cada vez menos negros assumem cargos de liderança nas empresas. 

Rodrigo Bouyer, docente, avaliador do INEP e sócio da Somos Young, explica que no âmbito da educação superior, as cotas representam uma importante ferramenta na busca da reparação histórica, mas que necessita de algumas ressalvas. 

“A diversidade deve ocupar os espaços das universidades, enriquecendo os debates, propondo inovação sob novas perspectivas e oportunizando desenvolvimento social, dignidade e bem-estar a todos os cidadãos brasileiros. No entendo, como parte integrante das políticas afirmativas de inclusão, é também necessário avançarmos sobre políticas inclusivas de permanência destes estudantes no ensino superior, haja vista que gastos com transporte, alimentação, vestimenta, livros e outros itens afetos à educação superior não são baratos e são condição indispensável para que muitos estudantes consigam chegar até a conclusão dos seus cursos, sem desistir pelo caminho”.

A principal forma de identificação da manifestação do racismo pela população brasileira é violência verbal, como xingamentos e ofensas (66%), seguida de tratamento desigual (42%) e violência física, como agressões (39%)

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