Pesquisa revela que 70% dos moradores de favela relatam dificuldade para diagnosticar e tratar câncer

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Um pesquisa realizada pelo instituto de pesquisa Data Favela (Instituto Locomotiva) e o Instituto Oncoguia ouviu moradores de favelas no país inteiro e de regiões diferentes, e 70% deles relataram que enfrentam dificuldades para prevenção e diagnóstico de câncer.

De acordo com os entrevistados, os problemas citados são desencadeados por conta de desinformação e falta de infraestrutura dos atendimentos. A pesquisa lançada na última terça-feira (9), na abertura do 13º Fórum Nacional Oncoguia, também destacou que a a maioria dos entrevistados tem muito medo de descobrir um diagnóstico de câncer, e do total de 2.963 homens e mulheres ouvidos, 81% deles são pessoas negras e 82% depende exclusivamente do Sistema Único de Saúde (SUS).

A pesquisa foi realizada pelo instituto de pesquisa Data Favela (Instituto Locomotiva) e o Instituto Oncoguia /Foto: Divulgação ONG Rio

A dificuldade de tratamento desse tipo de doença também é provocada pela disseminação de notícias falsas. Um retrato disso é que 29% das pessoas que participaram da pesquisa acreditam que cozinhar no forno de micro-ondas pode causar câncer. Mas a desinformação também atrapalha na busca por ajuda, já que 36% das pessoas dizem não ter conhecimento sobre o assunto.

Para a médica generalista pós-graduanda em medicina intensiva, a Dra. Anita Dias, apesar do acesso a informação ser mais difundido hoje, a falta de verificação da veracidade é um problema, e muitas vezes os mitos sem nenhuma comprovação científica, são criados para assustar a população. A médica que trabalha em dois hospitais públicos no Estado do Rio de Janeiro, lida com pacientes em sua maioria negros, em situação mais vulnerável.

De acordo com a Dra. Anita, apesar das circunstâncias nem sempre serem ideias, acolher essa população e tirar suas dúvidas, é extremamente importante. “O diagnóstico de Câncer não é uma sentença de morte. Cada tipo de câncer, possui uma causa como epigenética, tabagismo, álcool, exposição à níveis altos de radiação, entre outros fatores extrínsecos e intrínsecos. Mas nem tudo causa câncer”, explica.

Diante as justificativas apresentadas pelos moradores, os pesquisadores também mediram os índices de acesso aos sistemas de saúde que deveriam estar disponíveis à população. E com as reclamações, a pesquisa também questionou os entrevistados sobre o que eles consideram importantes para mudar esse cenário.

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Com isso, 50% pediu mais investimento em instituições de saúde, 49% acredita que a presença de mais médicos e outros profissionais disponíveis perto de casa pode melhorar o acesso ao tratamento, e 42% pediu mais frequência e continuidade no acompanhamento dos agentes de saúde da família, além de pedir por mais campanhas de prevenção.

Bárbara Souza

Bárbara Souza

Carioca da gema, criada em uma cidade litorânea do interior do estado, retornou à capital para concluir a graduação. Formada em Jornalismo em 2021, possui experiência em jornalismo digital, escrita e redes sociais e dança nas horas vagas. Se empenha na construção de uma comunicação preta e antirracista.

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