A peça “Mário Negreiro”, protagonizado pelo ator Anderson Negreiro, que também assina texto e direção, faz temporada de apresentações no Sesc Vila Mariana, em São Paulo, até 27 de fevereiro. A peça debate o racismo estrutural e o resgate de apagamentos históricos.
MÁRIO NEGREIRO começa com Anderson no bairro paulistano da Casa Verde Alta, local onde viveu e cresceu. Ele precisa entregar um exemplar de Macunaíma para seus amigos de infância, mas perde o livro no caminho.
A partir daí, percorre por vários locais da cidade de São Paulo a procura da obra. O ator então regressa até 25 de fevereiro de 1945, dia do falecimento de Mário de Andrade. Nesta data, através de um ritual, invoca-se a figura do modernista, mas algo dá errado e o que surge é uma figura folclórica de nome Mário Negreiro que transita entre a vanguarda e a cultura popular, bem como entre os tempos.
“O público então acompanha uma viagem contrária ao do personagem/anti-herói Macunaíma: Se Macunaíma vai da floresta à cidade, MÁRIO NEGREIRO vai da cidade à floresta/periferia, num rastro de apagamentos. Artista e obra e realidade e ficção se encontram”, explica Anderson.
No palco, Anderson Negreiro, ressalta um Mário de Andrade que se distancia das ideias do colonizador e se aproxima do interior do Brasil projetado nas periferias paulistanas. O ator “reencontrou” Mário de Andrade quando deu vida ao modernista no documentário 22 em XXI, de Hélio Goldsztejn: “Nas filmagens tive contato com novos materiais e ideias de Mário de Andrade, o que me instigou a reler sua obra clássica, Macunaíma”. O livro permeia todo o espetáculo, conta Anderson.
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