O filme Paterno estreou nas salas de cinema brasileiras na última quinta-feira (7), após uma espera de 8 anos, desde que as filmagens foram concluídas. Desde a trajetória de sua criação até sua estreia, o processo foi repleto de obstáculos políticos e desafios no setor cultural. O diretor do filme, Marcelo Lordello, explicou que a demora se deu devido a alterações no Ministério da Cultura que, ao longo deste período, inviabilizaram o lançamento do longa-metragem.
Ele destacou também o enfraquecimento da Agência Nacional de Cinema (Ancine) como um fator crucial para o adiamento da estreia. Estes ocorridos se deram durante a gestão de Michel Temer, o que se complicou ainda mais durante o Governo de Jair Bolsonaro. O longa-metragem participou de festivais de cinema ao longo de 2022, mas teve que esperar mais dois anos para finalmente ser exibido nas telas brasileiras.

“O filme passou por alguns obstáculos por ser independente. Dependia muito de editais públicos em uma época em que a cultura foi meio que destruída no Brasil. Isso dificultou muito o desenrolar dos projetos na Ancine, porque as pessoas almejavam destruir a gente”, revelou o diretor do longa, Marcelo Lordello.
Paterno narra a vida de Sérgio (Marco Ricca), um homem diante da dualidade entre seu desejo de herdar a construtora da família, e a responsabilidade de enfrentar o legado controverso deixado por seu pai, além da relação distante com seu filho. A produção aborda diversas questões, mas se concentra na paternidade. O filme chega aos cinemas no dia que antecede o Dia dos Pais.
“O medo era que o filme ficasse datado, mas, de alguma forma, as pessoas estão dizendo que o filme é contemporâneo. Ele traz assuntos que continuam atuais e pertinentes para reflexões do público”, disse Lordello, comemorando.
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Marco Ricca, que interpreta o protagonista Sérgio, vivência relacionamentos complexos, tanto com seu pai, quanto com seu filho. Em entrevista ao Metrópoles, o ator mencionou que essa interpretação lhe proporcionou uma oportunidade valiosa para refletir sobre sua própria vida.
“Todos os personagens que fiz, eu relaciono com a minha vida. Eu perdi meu pai com quatro anos, então não vivi essa relação, mas acabei me tornando um pai muito legal. Tenho quatro filhos e sei o quão talentoso eu sou sendo pai, de uma forma completamente diferente do meu personagem. Acredito que os caminhos da minha vida são melhores que os do Sérgio”, declarou o ator.

O ator Thomás Aquino, uma das figuras de destaque na produção, também compartilhou que sua vida sofreu uma transformação significativa, após ter feito parte do elenco do filme. Em 2017, ele atuou em seu primeiro papel de relevância, no longa Paterno. Agora, em 2025, no momento da estreia nos cinemas, o ator está envolvido em novelas e outros projetos.
Por fim, ele expressou seu desejo de que a sociedade evolua, a partir das experiências apresentadas no filme. “Acho que Paterno é para a gente refletir e progredir. Espero, ainda, que o filme se transforme no futuro e tenhamos outro olhar para ele”, concluiu o ator.
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