Indígenas da etnia Jaminawa que vivem na região do Rio Caeté, localizado a 1028 quilometros da capital Manaus, denunciam que convivem com medo das facções criminosas de São Paulo e do Rio de Janeiro, como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando vermelho. O território é uma das 1300 terras indígenas a espera de demarcação de acordo com o Conselho Indigienista Missionário (CIMI).
Os indígenas relatam que recebem ameaças constantes dos grupos criminosos, tiveram as casas queimadas e presenciaram trocas de tiros em outros territórios onde há Jaminawas em Sena Madureira, terra ainda sem demarcação — São Paulino e Caiapucá. O medo se estende às casas de palafita mantidas pelos indígenas, que já tiveram filhos cooptados pelas facções. Ainda de acordo com as denúncias, a ausência de demarcação de terras pelo governo federal tem grande influência na decisão.
Desde 2016 a Justiça Federal já havia determinado à Fundação Nacional do Índio (Funai) a conclusão do relatório sobre a ocupação territorial feita pelos jaminawas, para fins de demarcação. A decisão ainda não foi cumprida.
Entenda os conflitos
Segundo indigenistas da Funai a trajetória dos Jaminawas, traduzido como “gente do machado” é marcada por conflitos internos com mortes em enfrentamentos entre famílias e longas peregrinações na Amazônia, onde foram acomodados em 1997 na área do Rio Caeté, no entanto até hoje as terras não foram demarcadas.
Mais de duas décadas depois, no interior do Acre, os conflitos entre os Jaminawas não são entre famílias e sim pela invasão de facções criminosas de São Paulo e do Rio de Janeiro, como o PCC e o Comando vermelho que foram chegando na região.
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De acordo com o relato das famílias, nos últimos cinco anos as facções começaram a chegar na região e recentemente começaram a admitir jovens jaminawas para integrar as organizações e, com isto os indígenas ficaram, mais vulneráveis. Para eles, o não reconhecimento da ocupação do território, a ausência de delimitação e de acompanhamento consistente ou fiscalização contra invasores por órgãos como a Funai também a facilitam a ação de criminosos.
As aldeias da Jaminawa do Rio Caeté não têm energia ou água potável. A escola da aldeia principal foi destruída e agora as aulas acontecem em espaços improvisados e só existe até o quarto ano do ensino fundamental.
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