O que falta esclarecer na operação mais letal da história do Rio de Janeiro

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Megaoperação tem 121 mortes, 118 armas aprendidas e 113 detidos.

Considera a mais letal na história do estado, a megaoperação realizada na última terça-feira (28) na Penha e no Alemão, Zona Norte, do Rio de Janeiro ainda tem muitas perguntas a serem respondidas pelas autoridades.

O número de mortos na operação, a descoberta de novos corpos por moradores do Alemão e da Penha, a identificação desses corpos, a situação que os corpos foram encontrados e a falta de apoio dos orgãos responsáveis pela retirada desses corpos da comunidade são algumas das questões que ainda não se tem uma resposta concreta.

Megaoperação no Rio tem 121 mortes, 118 armas aprendidas e 113 detidos. Foto: André Gomes Melo

Na terça -feira (28) o governo do estado divulgou que a operação teria deixado 64 mortos, 4 policiais e outros 60 suspeitos de envolvimento com o Comando Vermelho, porém na madrugada de quarta-feira (29) esse número quase dobrou quando moradores da Penha e do Alemão começaram achar corpos em uma mata que liga as duas comunidades, o número de mortos passou para 121 pessoas.

Identificação dos corpos: Até o momento desta reportagem somente 10 pessoas foram identificadas, 4 delas sendo os policiais que já começaram a ser enterrados. A Polícia Civil e o Ministério Público estão atuando em conjunto para identificação que deve demorar mais dois dias para concluir o processo completo de identificação. Os familiares das vítimas precisam se cadastrar no posto de atendimento do Detran, no centro da capital, para poder fazer o reconhecimento, que pode ser feito através dos horários da morte, locais onde o corpo estavam ou roupas usadas no momento.

Diferença na contagem do número de pessoas mortas na operação: A Associação dos Moradores do Complexo da Penha afirmam que foi encontrado 72 corpos e que todos os corpos foram enfileirados na Praça São Lucas, mas a Secretária de Segurança do Rio diz que foram retirados 63, nove corpos a menos que informados pela associação de moradores.

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Falta de policiamento: Outras questão a ser respondida pelas autoridades é a falta de policiamento na remoção dos corpos encontrados pelos moradores, um rabecão dos bombeiros foi responsável por retirar os corpos.

Investigação por fraude processual: A Polícia Civil informou que as pessoas responsáveis pela retirada dos corpos da mata serão investigadas por fraude processual, segundo a polícia os mortos estavam com roupas camufladas que foram retiradas pelos moradores antes da chegada das autoridades.

Corpos decapitados: Segundo moradores alguns corpos encontrados na quarta-feira (29) estavam decapitados, faltando o membro da cabeça. Outros corpos tinham sinais de agressão, como marcas de corda e outros apresentam marcas de facada. A Polícia Civil afirma que só usou armas de fogo na megaoperação.

Isolamento da área: A área onde os corpos foram encontrados não foi isolada pela polícia, o que requer uma explicação das autoridades. A Comissão dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio encaminhou ofícios ao Ministério Público e às polícias Civil e Militar cobrando esclarecimentos

Força tarefa e medidas concretas

Foi anunciado uma ação conjunta entre os governos estadual e federal, o objetivo é conter a crise na segurança do estado do Rio de Janeiro, com a criação do Escritório Emergencial de Combate ao Crime Organizado que foi divulgado pelo ministro Ricardo Lewandowski e o governador Claudio Castro.

Porém medidas concretas ainda não foram anunciadas pelos governos. O NP entrou em contato com a Secretaria de Segurança do Rio, mas até o fim desta reportagem não obteve retorno, o espaço continua aberto para esclarecimentos.

Layla Silva

Layla Silva

Layla Silva é jornalista e mineira que vive no Rio de Janeiro. Experiência como podcaster, produtora de conteúdo e redação. Acredita no papel fundamental da mídia na desconstrução de estereótipos estruturais.

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