O Brasil adquiriu um novo supercomputador que promete revolucionar a precisão das previsões meteorológicas e a antecipação de desastres naturais. Com um investimento total de R$ 200 milhões, o equipamento, que está em fase de testes no Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (Cptec), em Cachoeira Paulista (SP), representa um salto tecnológico para o país, Notícia dada em primeira mão pelo G1.
De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), responsável pelo sistema, a nova máquina é seis vezes mais rápida que o antigo supercomputador Tupã, que operava desde 2010 e já deveria ter sido aposentado. O Inpe vinha alertando desde 2021 sobre o risco de um apagão meteorológico devido à falta de investimentos.
A nova capacidade de processamento permite que as previsões, que antes levavam até três horas, sejam geradas em minutos. O sistema também conta com um armazenamento 24 vezes maior, possibilitando modelos climáticos mais detalhados. A principal melhoria está na resolução espacial da previsão. Enquanto o modelo antigo operava com uma área de 7 km², o novo sistema reduzirá essa área para 3 km², chegando a 1 km² em regiões metropolitanas. Isso significa que será possível prever com exatidão não apenas a chuva em uma cidade, mas em qual bairro e em que hora e minuto específicos ela ocorrerá.
Ivan Márcio Barbosa, coordenador de infraestrutura de dados e supercomputação do Inpe, disse em entrevista ao g1 que o Brasil já tinha a capacidade técnica para a melhoria, mas faltava o investimento no equipamento.
Essa precisão é crucial para salvar vidas. Em situações como a tragédia de São Sebastião (SP) em 2023, o Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais) já sabia com dois dias de antecedência que a região seria afetada por fortes chuvas. O problema, no entanto, era a falta de detalhamento para indicar o momento exato do início da precipitação e as áreas mais críticas do município – uma limitação que o novo sistema supera.

Além da gestão de desastres, a tecnologia terá impacto estratégico em setores vitais da economia. Na agricultura, os dados vão auxiliar na definição do melhor momento para o plantio e na previsão de secas. No setor de energia, as informações vão orientar a operação de hidrelétricas e termelétricas. Para a saúde pública, o sistema poderá monitorar o movimento de fumaça de queimadas e emitir alertas antecipados.
O supercomputador processa um volume imenso de dados vindos de satélites, aviões, navios e estações meteorológicas, realizando trilhões de cálculos por segundo. Diferente do sistema antigo, que processava informações apenas duas vezes ao dia, o novo equipamento fará esse processamento a cada seis horas, acompanhando as mudanças na atmosfera quase em tempo real.
O custo anual para manter a máquina ligada é de R$ 6 milhões. O investimento feito pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), com financiamento da FINEP, também inclui a criação de um centro de energia solar para abastecer toda a operação, com implantação prevista para 2026. A previsão é que o novo supercomputador entre em operação na primeira semana de dezembro deste ano.
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