No Brasil, 65% das internações em decorrência da falta de saneamento básico são de pessoas negras, aponta estudo

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O Instituto Trata Brasil, em conjunto com a EX Ante Consultoria, divulgou nesta quarta-feira (19), o estudo “Saneamento é saúde: como a falta de acesso à infraestrutura básica impacta na incidência de doenças (DRSAI)”. Os dados, referentes ao período de 2008 a 2024, mostram que cerca de 65% das internações em decorrência da falta de saneamento básico são de pessoas negras.

Os dados representam 223.163 mil pessoas pretas e pardas internadas, enquanto os brancos representavam 113.169 mil internações, e os indígenas registraram 2,7 mil internações. No total, foram 344,4 mil internações realizadas em 2024 em decorrência da falta de esgoto, que sobrecarregaram os atendimentos no SUS por doenças evitáveis.

Os mais afetados pelas DRSAI foram mulheres, crianças, pardos, amarelos e indígenas,  enquanto crianças de 0 a 4 anos e idosos representaram 43,5% das internações. O levantamento demonstrou que em 2023, o Brasil registrou 11.544 óbitos por doenças em decorrência da falta de tratamento adequado de esgoto.

Dengue foi a maior causadora das internações /Foto:  Fernando Frazão – Agência Brasil

O documento analisa a incidência de doenças em decorrência do saneamento, e demonstra que a falta de saneamento básico agravava a desigualdade racial e de gênero, uma vez que havia mais internações entre mulheres (53%), cerca de 20,7 mil internações a mais que os homens.

A pesquisa, que foi dividida por regiões do país, idade, sexto e etnia, demonstrou que nos locais onde não há o tratamento correto do saneamento básico, há um crescente número de internações e óbitos ligados à Doenças Relacionada ao Saneamento Ambiental Adequado. 

São elas: doenças de transmissão feco-oral, como diarréias, salmonelose, cólera, hepatite A, entre outras; doenças transmitidas por inseto vetor, como a dengue, febre amarela, doença de chagas e malária; doenças pelo contato com a água, como esquistossomose e leptospirose; doenças relacionadas a higiene e outras.

Os maiores responsáveis pelas internações foram do grupo de doenças transmitidas por inseto vetor, representando 49% delas ou 168,7 mil, em sua quase totalidade (164,5 mil) por dengue. Em seguida, as doenças por transmissão feco-oral, sendo causadoras de 47,6% dos casos, que totalizaram 163,8 mil casos. O Maranhão foi o estado com maior incidência de DRSAI, principalmente as de foco-oral.

A pesquisa demonstrou que a chegada do saneamento básico nas localidades reduziria em média 69,1% das internações, após 36 meses de intervenção. Em comparação ao período de 2008, o Brasil registrava 615,4 mil casos e, em 2024, 344,4 mil.

Houve uma redução atual de 3,6% em 16 anos. Os números, que foram analisados segundo dados do DATASUS, Ministério da Saúde e IBGE, evidenciaram que no Norte, a incidência de DRSAI foi de 19 de casos para cada dez mil habitantes em 2024. Em todos os estados, com exceção de Tocantins e Roraima, a incidência foi de 15 a 25 internações para cada dez mil habitantes. 

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Êmily Reis

Êmily Reis

Formada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade Federal de Viçosa em 2025, possui experiência em assessoria de imprensa, organização de eventos e comunicação institucional pela mesma Universidade. Atualmente, atua como jornalista em uma rádio local da cidade de Ponte Nova.

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