A atriz Luiza Rosa vive um dos momentos mais marcantes de sua carreira. Na novela das nove da TV Globo, “Três Graças”, ela interpreta Kellen, uma jovem evangélica que equilibra a fé que guia sua vida e a amizade intensa com Joélly, personagem de Alana Cabral.
A relação de Luiza com a arte começou ainda na escola. “Eu comecei fazendo aula de teatro onde estudava e me apaixonei. Eu queria ter muitas profissões e percebi que, sendo atriz, eu poderia viver várias vidas em uma só. Mesmo sem saber se isso viraria uma profissão, eu decidi seguir.”
Ver outras mulheres negras ocupando espaços de destaque na teledramaturgia também é algo que motiva a atriz. “Felizmente, hoje nós, mulheres pretas, temos sido muito bem representadas. Mas quando eu era criança, eu sempre buscava essas referências. Hoje, poder ser esse espelho é um combustível para que eu não pare. A gente precisa se ver.”
Luiza entende que a televisão tem um papel essencial na formação do olhar do público. “Uma das nossas funções é fazer o público refletir. Dentro desses debates religiosos, sobre fé, empatia e transformação, não nos posicionamos do lado certo ou errado. A ideia é que o público chegue à própria conclusão. Essa é a força da teledramaturgia”, explica.

“É a minha maior personagem até agora, tanto em questão de alcance quanto de tempo. São muitos meses vivendo a Kellen, quase um ano, e é um presente”, afirma. Para construir a personagem com autenticidade, a atriz mergulhou em um intenso processo de preparação. “Nós tivemos a ajuda de um time muito legal, com consultores disponíveis. Dentro da equipe há pastor e pessoas da comunidade evangélica que nos orientam. E eu senti que tinha o dever de ir atrás de informações que eu realmente não tinha, por ser uma religião que não pratico. Fiz isso para garantir que a gente não representasse essa comunidade de forma errada.”
Hoje, vivendo um papel de grande visibilidade, Luiza se vê como parte de um movimento importante de representatividade na televisão. “Você se ver na TV e pensar: ‘caramba, aquela personagem parece comigo’ é muito interessante. Isso pode servir de recado para alguém que se sente sozinha ou inspirar outra pessoa a se enxergar de uma forma positiva. Estar nesse lugar de representatividade é muito especial para mim.”
As lembranças da infância reforçam essa percepção. “Eu lembro de ser muito pequena e assistir à série Antônia, que passava na Globo, e pensar: caramba, essas são minhas irmãs, sou eu no futuro. Apesar de se passar em São Paulo e de retratar mulheres adultas, eu me sentia representada. Até hoje são referências para mim”, conta.
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