Negros têm 3,8 vezes mais chances de serem mortos pela polícia que brancos, diz relatório

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Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública divulgado nesta quinta-feira (18), pessoas negras no Brasil têm 3,8 vezes mais chances de morrer em uma intervenção policial do que pessoas brancas. Pessoas pretas e pardas eram 82,7% das vítimas durante as ações policiais em 2023, enquanto que em 2022 eram 83,1%.

O relatório também aponta que no ano passado, foram registradas 6.393 mortes por intervenções policiais, o que significa uma taxa de 3,1 por 100 mil habitantes. A quantidade é menor que a registrada no ano anterior, quando a proporção foi de 3,2 mortes, mas aumentou 188,9% em relação aos últimos 10 anos.

O Anuário Brasileiro de Segurança Pública divulgado nesta quinta-feira (18) /Foto: Fernando Frazão – Agência Brasil

Assim, a taxa de letalidade de pessoas negras é de 3,5, contra 0,9 de pessoas brancas. E além de negros, o perfil é de pessoas jovens. Cerca de 71,7% possuem de 12 a 29 anos e a maior parte, homens (99,3%).

A cidade em que foi registrada a maior quantidade de mortes ocasionadas pela polícia é Jequié, na Bahia, com 46,6 mortes. Seguido por: Angra dos Reis (RJ) – 42,4 mortes; Macapá (AP) – 29,1 mortes; Eunápolis (BA) – 29 mortes; Itabaiana (SE) – 28 mortes. Os dados são elaborados a partir da análise de boletins de ocorrência.

Os policiais negros também são os que mais morrem. O relatório afirma que 69,7% dos agentes que morreram em 2023, eram negros, homens (96%) e de 35 e 49 anos (51,5%).

Mas segundo o Anuário, o estado do Amapá registrou a maior taxa de letalidade policial do país. Em 2023 foram 173 mortes decorrentes de intervenções policiais, com uma taxa de 23,6 mortes por 100 mil habitantes. Além disso, cidades do Amapá também aparecem no ranking das 10 cidades mais violentas do país.

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Bárbara Souza

Bárbara Souza

Carioca da gema, criada em uma cidade litorânea do interior do estado, retornou à capital para concluir a graduação. Formada em Jornalismo em 2021, possui experiência em jornalismo digital, escrita e redes sociais e dança nas horas vagas. Se empenha na construção de uma comunicação preta e antirracista.

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