Mural feito por artistas negros em BH é alvo de investigação

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O mural tem quase 2.000m²  e registra a imagem de uma mãe negra carregando os dois filhos, sendo um no colo e o outro de mãos dadas   

Por iniciativa do Circuito Urbano de Arte (Cura), alguns prédios de Belo Horizonte são presenteados desde 2017 com arte, porém pela segunda vez é alvo de investigação da Polícia Civil. 

Dessa vez a polícia instaurou inquérito para investigar suposto crime ambiental cometido pelas idealizadoras do Cura.  

A obra em questão é o mural feito pelo artista Robinho Santana na 5ª edição do festival no ano passado, batizada de “Deus é mãe”, que está pintado no edifício Itamaraty, localizado na rua Tupis centro de Belo Horizonte. O artista convidou alguns colegas para fazer uma intervenção em sua obra, que foi emoldurada com a caligrafia do pixo.  

Em entrevista ao BHAZ o advogado que representa o Cura, Felipe Soares, relata que uma das idealizadoras foi intimada a depor no final do ano passado, mas a polícia não especificou o motivo da intimação. A partir do momento em que o advogado tomou conhecimento do inquérito percebeu que se tratava de uma investigação direcionada a obra no edifício Itamaraty.  

Os artistas entendem que essa investigação da Polícia Civil de Minas é ilegal e racista, criminaliza artistas periféricos e a própria arte urbana  

“O inquérito acontece num contexto de perseguição desproporcional aos pixadores na cidade de Belo Horizonte e dentro de um cenário de cerceamento de liberdades constitucionais no âmbito nacional. Não aceitaremos a tentativa de criminalizar os artistas. Não aceitaremos a tentativa de criminalizar o festival. Não aceitaremos os ataques racistas à obra “Deus é mãe”. Entramos hoje com pedido no Judiciário para obter o trancamento da investigação. ” diz um trecho da postagem feita no Instagram do Cria.  

Em sua rede social Robinho postou um storys agradece o apoio, e expõe a sua indignação contra o racismo. “Não é difícil enxergar que o Brasil é um país racista, não é difícil enxergar que existe uma perseguição contra as pessoas pretas, periféricas contra qualquer tipo de manifestação cultural oriunda das periferias. A gente viu isso acontecer com samba, terreiros de candomblé, vê isso acontecer com o funk, não é diferente com o grafite, artes plásticas” comenta o artista.  

Segundo a Polícia Civil a investigação está sob sigilo e mais informações serão repassadas em momento oportuno. 

Mais uma vez 

Não é a primeira vez que casos como esse acontece envolvendo uma obra do projeto Cura.

Em novembro de 2020, a obra da artista mineira Criola, Híbrida Ancestral no edifício Chiquito Lopes, na rua São Paulo foi alvo de uma ação judicial movida por um morador, alegando que a obra tinha uma decoração de “gosto duvidoso”.  

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