Um graffitte com o rosto e uma frase do ex-presidente da África do Sul, Nelson Mandela, foi apagado, coberto de branco no primeiro dia que a Polícia Militar assumiu a gestão da do Centro Educacional 1( CED1), na Estrutural. Esta e outras três unidades de ensino do Distrito Federal aderiram à militarização do ensino.
A “novidade” faz parte de programa piloto anunciado pelo governo Ibaneis (MDB) em janeiro deste ano. Caso o projeto apresente bons resultados nas quatro escolas, a ideia pode ser incorporada em outras 36 unidades do DF.
A parede onde estava a arte com o rosto de um dos ícones da luta pela igualdade racial fica no pátio interno da escola. Ao lado do rosto de Mandela estava a frase “Educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo”, que também foi apagada. Os dizeres foram pintados por um grupo de artistas voluntários do Paranoá, no fim do ano passado.
Na parte externa da unidade de ensino, os artistas da região pintaram o “mural da inclusão”, composto por desenhos que representavam diferentes crianças e suas diversidades. Tudo foi apagado e agora o muro é branco escrito com letras garrafais o nome do “Colégio da Polícia Militar”.
Em entrevista ao portal G1 a diretora da escola, Estela Accioly, disse que foram feitas a pedido da PM. A corporação assumiu a gestão da unidade nesta segunda (11), no primeiro dia do ano letivo da rede pública.
“Mudou todo o layout da escola desde que entrou a gestão compartilhada [com a PM]. Nos disseram que a ideia é mostrar para comunidade que também haverá uma mudança ‘de fora para dentro'”, afirma a diretora.
Perguntaram se podiam pintar, para deixar no padrão de colégio da PM.”
A Polícia Militar informou por meio de nota ao portal G1 apenas que “não participou da decisão”, e não deu mais detalhes sobre a reforma realizada no colégio.
Mesmo com uma gestão militar da escola a diretora garante que a “educação inclusiva vai continuar no projeto pedagógico”, com ações de consciência racial e respeito à diversidade.
Além do CED 1, este projeto também será implementado em outras três escolas do DF: em Ceilândia, Recanto das Emas e Sobradinho.
O Governo local diz que esses locais foram escolhidos por apresentarem “alto índice de criminalidade” e ter estudantes com “baixo desempenho” escolar. O custo para aplicação da proposta em cada escola é orçado em R$ 200 mil por ano. Essa despesa deverá ser custeada pela Secretaria de Segurança Pública.
Nessas escolas militarizadas os estudantes não poderão usar brincos, pulseiras ou outros adereços grandes. Só as meninas podem usar brincos e colares – se forem pequenos e discretos. Nesta segunda (11), parte dos alunos já recebeu uma camisa branca. O uniforme militar deve ficar pronto em dois meses.