Mulheres que pertencem aos 20% de maior renda da população brasileira gastam em média 18,2 horas por semana cuidando de outras pessoas ou realizando afazeres domésticos. Enquanto isso, as mulheres que estão entre os 20% de menor rendimento dedicam 24,1 horas semanais a essas mesmas atividades. O que significa que mulheres ricas realizam menos trabalho doméstico que mulheres pobres, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em todas as faixas de renda, porém, as mulheres cuidam muito mais da casa do que os homens.
Os dados são do estudo Estatísticas de gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil, cuja segunda edição foi publicada nesta quinta-feira (04) pelo IBGE.
No Brasil, as desigualdades entre negros e brancos são imensas. Os negros são 75% entre os mais pobres; brancos, 70% entre os mais ricos . O que significa que as mulheres negras realizam mais trabalhos do lar do que as brancas.
Ricas realizam menos trabalhos do lar que mulheres pobres
No levantamento, a fatia de 20% mais pobres considera famílias com renda per capita (por pessoa) de até R$ 350. Já os 20% mais ricos têm uma grande desigualdade interna, indo desde domicílios com rendimento per capita de R$ 1,7 mil até R$ 164 mil.
As mulheres ricas realizam menos trabalhos do lar que mulheres pobres, isso se explica, segundo o IBGE, porque as de maior renda terceirizam parte dessas tarefas para as de menos recursos, através do trabalho doméstico de babás, faxineiras e cozinheiras.
Além disso, as mulheres mais abastadas podem pagar por creches privadas para seus filhos pequenos, num país que sofre com a deficiência crônica de vagas em creches públicas.
Desigualdades entre mulheres ricas e mulheres pobres
A desigualdade no acesso a creches também se revela nas diferentes taxas de ocupação entre mulheres brancas e negras com crianças pequenas em casa.
Menos da metade (49,7%) das mulheres pretas ou pardas com crianças de até 3 anos de idade no domicílio estavam ocupadas em 2019, enquanto entre as mulheres brancas, a proporção era de 62,6%.
Os dados revelam que, além da histórica desigualdade entre homens e mulheres, também são grandes as iniquidades entre as próprias mulheres, considerando recortes de renda, cor ou raça, regiões do país e áreas urbanas e rurais, por exemplo. Segundo o IBGE, essas diferenças devem ser levadas em contas na elaboração de políticas públicas para mitigar desigualdades.