Segundo apuração do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), as mulheres que atuam no setor privado recebem, em média, 21,2% menos que os homens, chegando a 53% de diferença para mulheres negras. A informação consta no Relatório de Transparência Salarial, divulgado nesta segunda-feira (3), com base em dados do Relatório Anual de Informações Sociais (RAIS). O estudo analisou cerca de 54 mil empresas com cem ou mais funcionários, abrangendo o segundo semestre de 2024 e o primeiro de 2025.
A desigualdade, que vem aumentando desde o início da série histórica, é ainda mais profunda para mulheres negras. A diferença salarial mediana de admissão entre mulheres negras e homens não negros chega a 33,5%. Em valores, elas recebem R$ 1.836,00, enquanto eles têm rendimento de R$ 2.764,30. A disparidade no rendimento médio é de 53,3%, com mulheres negras ganhando R$ 2.986,50 contra R$ 6.391,94 dos homens não negros.
A ministra das Mulheres, Márcia Lopes, enfatizou a urgência de combater essas distorções. “A inserção das mulheres no mercado não basta. É inaceitável que mulheres negras recebam metade do rendimento de homens não negros. Temos como compromisso intensificar medidas que resolvam essas distorções, promovam políticas de apoio, como a ampliação da licença-paternidade e o auxílio-creche”, afirmou a ministra em entrevista ao G1.
O relatório mostrou que, apesar do crescimento de 21,1% no número de empresas com pelo menos 10% de mulheres negras desde 2023, as diferenças salariais permanecem significativas. A remuneração média geral das mulheres é de R$ 3.908,76, enquanto a dos homens alcança R$ 4.958,43. Embora a participação feminina nas grandes empresas tenha subido de 40% para 41,1%, a massa de rendimentos das mulheres representa apenas 35% do total.

Conforme o documento, as empresas citam tempo de experiência (78,7%), cumprimento de metas (64,9%) e planos de carreira (56,4%) como principais justificativas para as diferenças. No entanto, apenas 38,9% das companhias afirmam ter políticas de promoção para mulheres, e 21,9% oferecem auxílio-creche.
Paula Montagner, subsecretária de Estatísticas e Estudos do Trabalho do MTE, declarou que “as empresas precisam avançar na construção de planos de ação que promovam a igualdade salarial entre homens e mulheres dentro de suas empresas. Precisamos acelerar esse processo”.
Em 2025, a fiscalização do Ministério realizou 787 ações, alcançando cerca de um milhão de empregados, com 154 autos de infração lavrados.
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