Estudo da Diversitera aponta que mulheres negras têm renda inferior e estão mais suscetíveis a situações violentas
Em alusão Dia Nacional de Tereza de Benguela e das Mulheres Negras e o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha comemorado em julho, um levantamento da Diversitera, startup de Diversidade e Inclusão, expõe assimetrias quanto à condição de trabalho de mulheres pretas e pardas no Brasil. Embora representem quase 25% da força de trabalho ocupada no mercado formal, elas ainda encontram diversos obstáculos para se manter e desenvolver no mundo corporativo.
O estudo, que analisou dados de mais de 55 empresas, de 17 segmentos distintos, com mais de 128.000 respondentes, no período de 2022 e 2025, mostra que a renda média de pessoas negras (pretas e pardas) no geral é 43% inferior à de pessoas brancas. Porém, ao observarmos recortes, mulheres pretas são o grupo mais vulnerabilizado: sua renda é 63% inferior à das mulheres brancas. Os dados evidenciam uma realidade de discriminação sistêmica, já que mesmo quando ocupam funções iguais ou superiores, elas continuam sendo desvalorizadas.
“Observar renda e remuneração é um ótimo caminho para compreender o que é o racismo estrutural e como ele opera no Brasil. É menos sobre episódios individuais e cotidianos de preconceito, e mais sobre aquilo que impactou e ainda impacta gerações de determinado grupo étnico-racial. Nesse sentido, dinheiro é parte fundamental do debate, pois é preciso lembrar sempre que o colonialismo e o escravismo se sustentaram a partir da exploração econômica dos recursos do nosso país por meio de pessoas negras e indígenas. As consequências disso persistem até os dias atuais”, afirma Tamiris Hilário, especialista em questões étnico-raciais da Diversitera.
Além da disparidade na renda, o ambiente de trabalho se mostra um espaço hostil para este marcador social, pois é repleto de riscos psicossociais. Segundo a Diversitera, 28% das pessoas negras relatam já terem enfrentado episódios de preconceito em suas diferentes expressões. Além disso, 9% afirmam terem sido vítimas de racismo explícito durante o exercício de suas funções.

Observando especificamente mulheres negras, quando o assunto são as microagressões — piadas, brincadeiras, apelidos, comentários inapropriados etc. —, 25% das mulheres pretas relatam já terem sido alvo no dia a dia de trabalho, enquanto 21% das mulheres pardas afirmam o mesmo. No caso de testemunhar ou sofrer situações de preconceito explícito, mulheres pretas são 17% enquanto as mulheres pardas, 11%.
Estas estatísticas são um retrato de uma estrutura que segue determinando as condições de vida e trabalho de milhões de brasileiras, e que torna o 25 de julho de extrema importância para a luta por trabalho digno e bem viver de mulheres negras.
“É estratégico e ético acionarmos um olhar mais alargado sobre a realidade social do nosso país, que está repleta de desigualdades. Se o maior grupo populacional hoje é negro e feminino, é coerente garantir que ele não fique aprisionado ou estagnado na base da pirâmide e que, ao contrário disso, tenha mais possibilidades de mobilidade social e de vida digna de forma proporcional às estatísticas. Como fazemos isso? Dando continuidade às políticas afirmativas, complementares às universais (para todos)”, conclui Tamiris.
Sobre a Diversitera
A Diversitera é uma startup dedicada à promoção da equidade social e econômica em organizações de diversos perfis, transformando Diversidade e Inclusão em pilares estratégicos. Com uma equipe experiente e apaixonada por dados, a empresa oferece uma gama de serviços, incluindo censo diagnóstico de DEI, consultoria, ações de comunicação institucional e capacitação. Seu principal recurso é a Diversitrack, uma plataforma SaaS para coleta de dados que proporciona uma análise aprofundada de indicadores, identificando urgências e estabelecendo prioridades para ações mais eficazes no curto, médio e longo prazos nas organizações. Em sua nova versão, com mais atributos e facilidades, somada a uma metodologia exclusiva, a conformidade com a LGPD, e a disponibilidade em múltiplos idiomas, a Diversitrack se posiciona como a ferramenta mais completa da atualidade.
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