Mais de 80% dos moradores de favelas levam até duas horas por dia para se deslocar entre casa e trabalho ou estudo. Os dados mostram que a mobilidade urbana segue sendo um dos maiores desafios enfrentados por quem vive nas periferias do Rio de Janeiro. Somente 26,6% dos entrevistados gastam entre uma e duas horas no trajeto, enquanto 30,5% passam de 30 minutos a uma hora. Para 9,3%, o deslocamento chega a três horas diárias, e há casos que ultrapassam quatro horas.
A pesquisa foi realizada pelo jornal Extra, com apoio da Câmara Municipal do Rio, ouvindo moradores de diferentes comunidades da cidade.

O estudante de Arquitetura e Urbanismo Douglas da Silva Pereira, morador do Complexo da Coreia, em Senador Camará, exemplifica essa realidade: para chegar à universidade, em Seropédica, ele passa de duas a três horas em trânsito.
Para ele, o problema não é apenas a distância: “As calçadas e a iluminação pública também precisam melhorar. Mobilidade é sobre segurança e acesso”, afirma.
O presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara, vereador Vitor Hugo (MDB), reforça que mobilidade não é só transporte: “É garantir que o morador consiga sair de casa e chegar ao seu destino com dignidade”.
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Além disso, a pesquisa aponta que 67% dos moradores consideram a oferta de cursos de qualificação com encaminhamento para vagas como prioridade para geração de renda. Entre os jovens, 49% destacam cursos técnicos, estágios e oficinas como fundamentais para ampliar chances de emprego.
Quando se trata do caminho até o trabalho, o ônibus é o principal meio utilizado por 53% dos moradores. A baixa oferta de linhas, longas esperas e atrasos tornam a rotina exaustiva. Jonnas de Paula, da Praça Seca, resume:
“A gente sai cedo, tenta fazer tudo certo, mas ainda assim chega atrasado. Queremos trabalhar com dignidade”.










