MNU entra com queixa-crime contra Bolsonaro por comentário racista: “criador de baratas”

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O Movimento Negro Unificado (MNU), uma das mais antigas e respeitadas organizações do movimento negro no Brasil, entrará com uma queixa-crime contra o presidente Jair Bolsonaro em razão de comentário racista feitos ao final de sua live que foi ao ar nesta quinta-feira (8).

Bolsonaro é reincidente em casos de racismo – Foto: Reprodução

Na saída do Planalto, acompanhado de um apoiador negro que usa cabelo black power, Bolsonaro pronunciou frases associando o corpo negro a barata, piolho e imundície. “Olha o criador de baratas aqui. Você não pode tomar ivermectina, vai matar todos os seus piolhos”, disse Bolsonaro, citando o medicamento que costuma defender para o tratamento precoce da Covid-19. Em seguida acrescentou: “Tu lava esse cabelo quantas vezes por mês?”, o rapaz respondeu: “Por mês não, por semana”.

De acordo com os advogados do MNU, Hédio Silva Jr, Wanderson Pinheiro e Sílvia Souza, uma mensagem com este conteúdo, veiculada pelo YouTube e por meios de comunicação, propaga um conteúdo criminoso à medida em que induz e incita os receptores a associarem o corpo negro à insetos e falta de asseio. “Não podemos permitir que a população negra continue sendo atacada, que tenha a sua humanidade violentada por Bolsonaro. Racismo é crime e iremos cobrar a aplicação da lei. A justiça tem que cumprir o seu papel e barrar a violência racial desse presidente”, diz Lêda Leal, coordenadora Nacional do Movimento Negro Unificado.

Mais tarde, o apoiador de Bolsonaro foi convidado para participar da live semanal de Bolsonaro, que também contou com a presença do ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes. Durante a transmissão, Bolsonaro repetiu os comentários racistas e disse que “movimentos” tentam “dividir brancos e negros”. “Brincadeira sobre o cabelo dele tem que fazer, pô. Se eu tivesse um cabelo desse aqui, minha mãe, naquela época, me comia de pancada. Naquele tempo nosso, era muito comum piolho. Além de piolho, eu já tive berne”, disse o presidente da República.

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Reincidente

Não é a primeira vez que Jair Bolsonaro faz comentário racista, em 6 de maio, também na saída do Alvorada, o presidente disse estar vendo uma barata no cabelo crespo de um rapaz que tentava tirar uma foto sua. Assim como, em 2017, em uma palestra no Clube Hebraica do Rio de Janeiro, Bolsonaro referiu-se expressamente aos quilombolas como “vagabundos, inúteis, incapazes, sequer, de procriar” e cujo peso deve ser medido em arrobas, unidade de peso utilizada para animais. Nesse caso, por maioria, a 1ª Turma do STF entendeu que não houve crime de racismo.

Segundo o MNU, os advogados estão confiantes, e baseados nas reiteradas assertivas racistas e homofóbicas de Bolsonaro, esperam que desta vez o STF determine abertura de inquérito por crime de racismo. A Lei Caó (7.716/89) prevê que configura crime de racismo induzir ou incitar o preconceito ou discriminação de raça.

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