Uma semana após a morte da Ialorixá Mãe Stella de Oxóssi, uma das maiores representantes do Candomblé no Brasil, a religiosa foi alvo de injúria racial nas redes sociais. A agressão foi publicada por uma mulher identificada como Taiane Fragoso, na página do prefeito de Salvador, ACM Neto, no Instagram, após ele postar sobre a inauguração da Avenida Mãe Stella de Oxóssi, nesta quarta-feira (04).
No comentário publicado por Taiane Fragoso, a agressora chama a religiosa de ‘macumbeira’: “Absurdo colocar o nome de uma avenida o nome dessa macumbeira (sic). Em vez de procurar a Deus, vai procurar fazer macumba para o mal dos outros”, diz Taine na postagem.
O Ministério Público da Bahia (MP-BA) vai instaurar um procedimento para apurar os diversos atos de ódio e intolerância religiosa contra Mãe Stella de Oxóssi. Após as ofensas, o terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, liderado pela sacerdotisa há mais de 40 anos, denunciou o caso ao Ministério Público do Estado (MP-BA).
“Foi triste, decepcionante, porque Mãe Stella não merecia, não merece palavras ofensivas e ataques intolerantes. Nós vivemos em um país laico e qualquer pessoa tem condições de professar a sua fé. Nós somos de candomblé, não atacamos ninguém”, disse em entrevista ao portal G1, Ribamar Daniel, presidente da Sociedade Cruz Santa do Afonjá, responsável pela, manutenção do terreiro Ilê Axé Opô Afonjá.
De acordo com a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial da Bahia (Sepromi), entre 2017 e 2018 houve um aumento de 124% nos crimes de intolerância religiosa cometidos no estado. Já na série histórica dos últimos seis anos, esse crescimento chegou a 2.250%.
Desde que foi criado, em 2013, o Centro de Referência de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa Nelson Mandela já registrou 153 casos de intolerância, 272 de racismo e 57 ocorrências relacionadas ao tema. Do total dos registros de intolerância religiosa, 16 correspondem a ataques a terreiros.
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