O funk brasileiro segue sendo um dos espaços mais potentes de expressão popular, mas também um dos mais desafiadores para as mulheres. MC Carol, uma das vozes mais autênticas e influentes do gênero, volta a reafirmar essa realidade com o lançamento de “8 Horas de Prazer”, parceria com Lia Clark e produção do Tropkillaz.
Conhecida por transformar vivências em discursos de resistência, Carol utiliza mais uma vez sua arte para falar sobre prazer, liberdade e igualdade, sem perder de vista a luta por representatividade feminina no funk.
“Essa música é um feat incrível e é uma oportunidade de fortalecer a representatividade das mulheres e da comunidade LGBTQIAPN+”, afirma a cantora, destacando a importância da parceria com Lia Clark. Para Carol, unir vozes que desafiam padrões é também uma forma de resistência. “Ainda não dividimos o microfone ao vivo, mas quero muito fazer shows juntas, nos blocos de Carnaval e festivais”, completou.
Ao relembrar o início da carreira, MC Carol observa o quanto o cenário evoluiu e o quanto ainda precisa avançar. “Quando comecei, havia muito mais mulheres dançando para os MCs homens do que cantando suas próprias músicas. Hoje vemos mulheres cantando, dançando, atuando como DJs e produtoras. Comparado a 15 anos atrás, melhorou bastante, mas ainda existe desigualdade, principalmente em festivais e nos cachês”, afirmou.

A fala da artista evidencia um ponto crucial: a presença feminina no funk cresceu, mas o reconhecimento financeiro e estrutural segue distante da equidade. Mesmo com o aumento da visibilidade, os espaços de decisão, como line-ups de grandes eventos, contratos publicitários e prêmios, continuam majoritariamente ocupados por homens.
Para MC Carol, o empoderamento feminino no funk vai muito além do palco. “Os homens ainda lideram em tudo, mas comparado a quando eu comecei, muita coisa melhorou. Isso nos dá força para continuar lutando e criando espaço para outras mulheres”, declarou.
Ao lado de Lia Clark, uma das pioneiras do funk LGBTQIAPN+, Carol fortalece o coro das artistas que fazem da música um instrumento político. A nova faixa, marcada por batidas eletrônicas e uma atmosfera provocante, traduz o espírito livre e ousado que caracteriza ambas.
Leia também: “Ouço que o que faço não é trabalho”, diz MC Carol sobre preconceito no funk









