A Marcha das Mulheres Negras de São Paulo divulgou uma nota de repúdio contra a decisão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) de suspender a liberação de emendas parlamentares destinadas ao evento. A medida afetou a 10ª edição da marcha, realizada em julho.
O comunicado, publicado nas redes sociais do movimento, classifica a decisão como um “ataque direto à construção coletiva que, há anos, garante voz, visibilidade e espaço político para mulheres negras”. Para a organização, “não se trata apenas de um corte orçamentário, mas de uma tentativa de silenciar quem denuncia o racismo, o machismo, a LGBTQfobia e todas as formas de opressão”.
A nota também critica o que considera ser o uso político das verbas públicas. “Não deveria haver critério político para liberar emendas de cunho cultural e antirracista”, destaca o texto. A percepção do grupo é que a decisão atinge principalmente emendas apresentadas por parlamentares da oposição, como a Bancada Feminista e a vereadora Luana Alves (Psol), reforçando um padrão de perseguição da atual gestão a iniciativas culturais e antirracistas na capital.

Todos os anos, parlamentares de esquerda destinam recursos para cobrir custos básicos da marcha, como palco, tendas e som, já que a prefeitura não oferece editais ou formas diretas de financiamento para o evento. No entanto, essas emendas não foram liberadas a tempo da realização da marcha neste ano. A administração municipal não apresentou justificativa oficial, mas o movimento considera a decisão política.
“A Marcha das Mulheres Negras de SP não é um evento isolado: é fruto da luta de gerações, das nossas ancestrais e da mobilização popular que resiste frente às estruturas de exclusão. Cortar recursos é retirar direitos, é negar o papel fundamental da participação social e popular na construção de uma sociedade justa”, diz outro trecho da nota.
Apesar do bloqueio, o movimento reforça que a mobilização continuará: “Vamos às ruas com o que temos, porque nossa luta não cabe no orçamento de nenhum governo. Mas deixamos claro: isso não é gestão, é censura”.
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