Mangueira homenageia Alcione: “Tudo que a gente mais quer é emocionar a avenida”, conta carnavalesco Guilherme Estêvão

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A Estação Primeira de Mangueira este ano, cantando a vida e obra da cantora Alcione, levará para a Marquês de Sapucaí o enredo “A Negra Voz do Amanhã”. A homenagem a artista maranhense que se apaixonou pela verde e rosa carioca, acontece na segunda-feira (12).

Segundo o carnavalesco da escola Guilherme Estevão, que ocupa o cargo junto com a carnavalesca Annik Salmon, a intenção é “emocionar a avenida” e levar a essência da cantora para a Avenida. “Nós não inventamos uma Alcione, então estamos passeando por elementos que já estão no imaginário coletivo sobre a Alcione, para conquistar o coração do público”, explica em entrevista ao Notícia Preta.

Por isso, o carnavalesco destaca que elementos típicos do Maranhão, estado natal da cantora, não podem faltar, assim como as músicas que mais marcaram sua carreira. “Não pode faltar ‘A Loba’, não pode faltar ‘Meu Ébano’, não pode faltar Mangueira, a fé e o trompete de Alcione, e elementos que possam criar identificação com o público“.

Já adiantando um pouco do que será apresentado, Guilherme conta que a escola vai se apresentar com bastante verde e rosa, em suas palavras “bem com cara de mangueira“, mas também com as cores que contam a história de Alcione.

O carnavalesco também conta que em determinado momento do desfile, mais especificamente no carro 4, a escola vai retratar o que o trabalho de Alcione representa para o público, e a presença dele no dia a dia do brasileiro.

Quando elas vão para uma mesa de bar, limpando a casa, brigando com o marido ou apaixonada. Então tem um momento do desfile que esse cotidiano e essas canções de misturam, e a gente transforma isso tudo em cênica, uma representação teatral carnavalesca dessas canções“, explica.

Segundo ele, todo o processo foi conduzido a partir de trocas com a cantora. “Justamente por ela ser uma mulher negra, sambista, nordestina, e ter uma vida muito ampla de luta e conquistas, foi muito bacana pois engrandece a história. Obviamente que tem uma dificuldade em colocar todos esses elementos na história, mas também nos facilita ao mostrar toda a pluralidade da carreira e vida de Alcione“, conta ele.

Guilherme afirma que dentre as principais mensagens que o desfile pretende levar ao público está nesta proposta da cantora em “Não deixar o samba morrer, não deixar o samba acabar”, que incentiva a perpetuação e continuidade de saberes para as próximas gerações.

“Falar de Alcione possibilita discutir o papel do samba na transformação social das pessoas e o legado do samba“, diz ele, citando a escola mirim da Mangueira, a ‘Mangueira do Amanhã’, que formou vários dos componentes que desfilam na escola principal e que este ano, na avenida, vão “coroar” a cantora em contribuição.

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Bárbara Souza

Bárbara Souza

Carioca da gema, criada em uma cidade litorânea do interior do estado, retornou à capital para concluir a graduação. Formada em Jornalismo em 2021, possui experiência em jornalismo digital, escrita e redes sociais e dança nas horas vagas. Se empenha na construção de uma comunicação preta e antirracista.

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