Nesta segunda-feira (27), um estudo divulgado pelo Instituto Fogo Cruzado revela que 1.137 pessoas morreram nos últimos sete anos, em ações policiais na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. O estudo levou em consideração ações com três ou mais óbitos, ou seja, que são consideradas “chacinas”.
A pesquisa analisou as chacinas de 1º de agosto de 2016 a 31 de julho de 2023. No total, foram 283 ações do tipo, com média de três operações por mês. Ainda de acordo com o instituto, 18 delas aconteceram depois que um policial foi morto ou ferido. Segundo o relatório as ações foram 71% mais letais que as outras.
Os municípios mais atingidos foram: Rio de Janeiro, São Gonçalo, Belford Roxo, Niterói e Duque de Caxias. O levantamento mostra que o Batalhão de Operações Especiais (Bope) realizou 34 chacinas, com 207 mortos, sendo então a polícia mais letal, de acordo com a pesquisa.
Já o Complexo do Salgueiro, no município de São Gonçalo, foi onde teve mais ações consideradas “chacinas”. Foram 14, com 66 mortes no total. Em seguida, os Complexos da Maré e Penha, Cidade de Deus e Vila Kennedy completam o top 5.
A diretora de Dados e Transparência do Instituto Fogo Cruzado Maria Isabel Couto, falou sobre como os moradores são atingidos com com as operações policiais.
“Vias são fechadas, o transporte público é afetado, escolas deixam de funcionar. Um dia de operação policial traz consequências físicas, mentais e muitas vezes financeiras para todos os moradores ao redor. Sofrem os cidadãos, sofre a cidade“, afirmou ao g1.
A Polícia Civil emitiu uma nota falando que desconhece o método do levantamento para o desenvolvimento do relatório. “Quanto às ações da Polícia Civil, todas são realizadas por agentes capacitados, após minucioso planejamento, priorizando sempre a preservação de vidas, tanto dos policiais quanto dos cidadãos“, disse através do comunicado.
“A instituição ressalta que possui a maior Agência Central de Inteligência do ramo da segurança pública estadual do país, onde estão concentrados todos os setores que buscam e produzem conhecimentos para assessorar na tomada de decisões estratégicas e operacionais de combate ao crime”, afirmou.
Já a Polícia Rodoviária Federal afirmou, também em nota enviada ao g1, que “em casos de excesso ou quaisquer outras ilegalidades comprovadas, a Corregedoria da Polícia Rodoviária Federal (PRF) atua na apuração e aplicação das devidas penalidades, assim como compartilha as informações com os órgãos investigativos competentes, não compactuando com desvios de conduta“.
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