Mais de 200 trabalhadores são libertos em condições análogas à escravidão

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Entre 15 de setembro e 15 de outubro, 215 trabalhadores foram resgatados de condições análogas à escravidão em diferentes regiões do Brasil. A ação faz parte da Operação Resgate V, uma força-tarefa que reuniu o Ministério Público do Trabalho (MPT), o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), o Ministério Público Federal (MPF), a Defensoria Pública da União (DPU) e a Polícia Federal (PF). Ao todo, 47 fiscalizações foram realizadas em 19 estados e no Distrito Federal, resultando no pagamento de mais de R$ 1,4 milhão em indenizações por danos morais coletivos e individuais.

As equipes encontraram trabalhadores vivendo em barracos de lona e madeira, sem acesso à água potável, energia ou banheiros, além de jornadas exaustivas e pagamentos irregulares.
Entre os resgatados estavam indígenas, imigrantes bolivianos e adolescentes, grupos especialmente vulneráveis à exploração.

Em Monção–MA, um vaqueiro atuava há 15 anos sem salário fixo e morava com a família em uma casa de taipa, sem banheiro nem água. Em Pinheiro–MA, outro homem trabalhou por mais de uma década, recebendo apenas bezerros como pagamento. Na capital paulista, 16 bolivianos foram libertos de uma oficina de costura onde enfrentavam dívidas impostas pelos empregadores e ausência de licença-maternidade. Já em Nova Maringá–MT, 17 trabalhadores, entre eles um adolescente e indígenas, viviam em barracos de lona, sem alimentação adequada. A empresa contratante pertence a Taiany França Zimpel, Miss Mato Grosso 2024, que afirmou ter terceirizado os serviços.

Análogo à escravidão / Foto: Freepik

Dados de condições análogas à escravidão

Desde setembro, auditores-fiscais do Trabalho têm se recusado a registrar informações no sistema oficial do governo federal em protesto contra a decisão do ministro do Trabalho, Luiz Marinho, de assumir diretamente a investigação de um caso de escravidão envolvendo a JBS Aves. Segundo a categoria, a medida fere a autonomia da fiscalização e compromete a integridade do combate ao trabalho escravo. O MTE informou que os números finais da operação ainda estão em fase de compilação.

Segundo o Código Penal, o trabalho análogo à escravidão é caracterizado por condições degradantes, jornadas exaustivas, servidão por dívida ou restrição de locomoção. Em 2025, a chamada “lista suja” do trabalho escravo foi atualizada com 159 novos empregadores, o maior número desde 2003.

No mesmo período da Operação Resgate V, 52 trabalhadores foram libertos em uma pedreira em Minas Gerais e 30 em Goiás, vivendo em alojamentos sem acesso à água ou alimentação adequada.

Para o coordenador nacional de Erradicação do Trabalho Escravo, Luciano Aragão, as operações demonstram “a gravidade e a persistência da exploração laboral no país”. Os trabalhadores resgatados têm direito ao Seguro-Desemprego do Trabalhador Resgatado, pago em três parcelas, e são encaminhados à rede de assistência social, que oferece suporte psicológico e encaminhamento profissional.

Denúncias

Casos suspeitos podem ser denunciados anonimamente pelo Sistema Ipê, disponível em ipe.sit.trabalho.gov.br, plataforma mantida pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e pelo governo federal.

Leia também: Idosa é resgatada de trabalho análogo à escravidão após 52 anos

Jaice Balduino

Jaice Balduino

Jaice Balduino é jornalista e especialista em Comunicação Digital, com experiência em redação SEO, assessoria de imprensa e estratégias de conteúdo para setores como tecnologia, educação, beleza, impacto social e diversidade. Mineira e uma das mentoradas selecionada por Rachel Maia em 2021. Acredita no poder da colaboração e da inovação para transformar narrativas e impulsionar negócios com excelência

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