Nesta quinta-feira (29), a Oxfam Internacional divulgou dados a respeito das consequências geradas pela COVID-19 em mulheres de todo o mundo. Segundo o estudo, mundialmente, as mulheres perderam mais de 64 milhões de empregos em 2020, uma perda de 5%, e 47 milhões de mulheres pelo mundo podem chegar a extrema pobreza.
De acordo com Gabriela Bucher, Diretora Executiva da Oxfam Internacional, a pandemia gerou consequências mais graves para as mulheres, “que estão desproporcionalmente representadas em setores que oferecem baixos salários, poucos benefícios e empregos menos seguros. Ao invés de corrigir isso, os governos trataram os empregos das mulheres como dispensáveis”, disse ela.
“Essa estimativa conservadora nem mesmo inclui os salários perdidos pelos milhões de mulheres que trabalham na economia informal – trabalhadoras domésticas, vendedoras e confeccionistas – que foram mandadas para casa ou cujas horas e salários foram drasticamente reduzidos”, diz Gabriela. Essa estimativa se torna mais presente para pessoas negras, pois, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 47,4% da população inserida em trabalhos informais se autodeclara preta ou parda.
A Oxfam ainda ressalta que as mulheres são sobre representadas em setores de baixa remuneração e serviços precários – como varejo, turismo e serviços de alimentação – os mais afetados durante a pandemia. As mulheres também representam aproximadamente 70% do trabalho na área de saúde e assistência social pelo mundo, empregos de alto risco na pandemia, porém na maioria das vezes, mal pagos.
De acordo com dados de 2019 do IBGE, 45,3% dos postos com menor remuneração são ocupados por pretos e pardos. Os negros também representam 75,2% da população com os menores ganhos. Ainda segundo o lavantamento da Oxfam, espera-se que mais 47 milhões de mulheres em todo o mundo caiam na extrema pobreza. “Nos Estados Unidos, uma em cada seis mulheres negras enfrenta insegurança alimentar em razão da pandemia. De acordo com o Fórum Econômico Mundial, o fechamento da lacuna global de gênero aumentou em uma geração de 99,5 anos para 135,6 anos devido aos resultados negativos para as mulheres em 2020”, diz o estudo.
Gabriela finaliza dizendo que uma alternativa para a recuperação é construir economias mais igualitárias e inclusivas. “Eles devem investir em uma recuperação econômica justa de gênero, racial e climática que priorize serviços públicos, proteção social, tributação justa e assegure que todos em todos os lugares tenham acesso a uma vacina gratuita”, disse ela.