Nesta semana o Pacto Global da ONU – Rede Brasil e o Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades – CEERT divulgaram os primeiros dados de uma pesquisa sobre Diversidade, Equidade e Inclusão das empresas brasileiras. Os dados apontam que em quase 94% das empresas ouvidas os investimentos na área aumentaram ou ficaram no mesmo patamar em 2023.
Os dados revelados durante o Rio Innovation Week, evento no Rio de Janeiro, foram coletados a partir de um questionário respondido por 128 empresas, de abril a junho deste ano. A intenção foi mapear as práticas das organizações referentes às questões étnico-raciais, de gênero e outros grupos vulnerabilizados.
“Quanto mais eu trabalho com isso, mais eu acredito que é possível a gente ter uma sociedade diversa. Todos os dias, vejo organizações avançando e, para mim, esses dados da pesquisa não são elementos que afastam, são elementos de construção de um país democrático”, defendeu Cida Bento, fundadora do CEERT.
A pesquisa mostra que ainda é um desafio promover o engajamento das altas lideranças nas empresas e aponta para a dificuldade de trazer essas pessoas para um debate crítico sobre equidade racial dentro das instituições. Outro ponto que o estudo revela é que a promoção para pessoas negras nessas corporações segue a passos lentos, pela ausência de planos de carreira e projetos de desenvolvimento profissional para elas na estrutura atual que muitas instituições se encontram.
Mas Cida ainda acredita que as mudanças não param. “Tenho dito que está se afastando desse programa (de ampliação de investimento em diversidade) quem entrou por marketing, quem entrou seriamente continua. Tenho a impressão de que isso não pode voltar atrás. Só que a sociedade ainda se assusta porque pessoas negras estão ocupando espaço onde elas nunca estiveram”.
Para Carlo Pereira, CEO do Pacto Global da ONU – Rede Brasil, o cenário revelado, apesar de complexo, difícil, no sentido de apresentar muitas discrepâncias e ausências, indica caminhos. “Quando você tem dados, é possível traçar metas. Muitas empresas ainda estavam sem conhecimento ou visibilidade sobre esse tema e, a partir do que recebemos, será possível traçar ações e estimativas futuras para grupos específicos“, explica ele, que continu:
“Num cenário de muitos vazios, descobrimos, por exemplo, – através da pesquisa – que mulheres e pessoas negras são os grupos para os quais as empresas mais realizam ações afirmativas, mas há ainda pessoas LGBTQIAPN+, pessoas com deficiência, pessoas 50+, indígenas, quilombolas, refugiados, egressos do sistema prisional, entre outros grupos a serem considerados quando falamos de diferentes tipos e estágios de vulnerabilidade”.
A maioria das empresas que respondeu à pesquisa é de capital fechado, tem origem nacional e possui mais de 500 pessoas colaboradoras, e são de diferentes setores, como serviço (62%) e indústria (21%).
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