Foi formalizada junto ao Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) nesta segunda-feira (02), a denúncia contra a marca de roupa ‘Criações Gênesis’, por conta do lançamento de uma blusa estampada com duas mãos, uma preta e uma branca com dedos se tocando, e a frase “Não se contamine!”. A estampa foi repudiada por entidades que lutam pela igualdade racial, e a loja se manifestou.
Na camisa, junto a frase, ainda há um versículo bíblico. A denúncia foi feita pela vereadora, Lívia Miranda (PCdoB), e o coordenador de Igualdade Racial de Petrópolis (RJ) Filipe Graciano, cidade onde a loja atua. “Tal representação reforça preconceitos raciais e constitui grave afronta aos princípios constitucionais da dignidade humana, igualdade e respeito”, diz trecho da denúncia.
A denúncia se deu, depois que o casal, donos da marca de roupa, estavam se arrumando e vestiram a camisa com a estampa para irem à igreja, conforme dito no vídeo publicado nas redes sociais. Ao Notícia Preta o MPRJ informou que a Promotoria de Justiça de Investigação Penal de Petrópolis afirma que a notícia foi protocolizada e está sendo analisada.
“Tal mensagem é claramente ofensiva e discriminatória, perpetuando o racismo estrutural que tanto combatemos em nossa sociedade. A associação entre a cor da pele e a ideia de contaminação é uma afronta direta aos direitos humanos e um insulto à luta histórica e contínua pela igualdade racial. Em pleno século XXI, é inaceitável que ações publicitárias de cunho racista ainda encontrem espaço para circulação, seja por ignorância, descuido ou intencionalidade. A responsabilidade social de qualquer empresa inclui o compromisso de respeitar a dignidade humana e promover a inclusão, e não o oposto”, disse a Comissão de Direitos Humanos da 3ª subseção da OAB e a Comissão de Igualdade Racial, que age em São José do Vale do Rio Preto e Petrópolis.
A loja de roupas publicou sobre o caso com um texto numa publicação. Confira:
“Nós, da Criações Genêsis, gostaríamos de nos esclarecer a todos os nossos amigos, clientes e seguidores, para reconhecer os acontecimentos recentes envolvendo uma de nossas estampas.
Queremos expressar publicamente o nosso pedido de desculpas a todos que se sentiram ofendidos, magoados ou desrespeitados. Somos uma marca que busca transmitir o amor, à igualdade e principalmente o respeito. Lamentamos profundamente a repercussão negativa, e pedimos desculpas por toda dor causada.
Nosso objetivo nunca foi, nem jamais será, propagar qualquer tipo de preconceito ou discriminação. Ratificamos nosso compromisso com os princípios cristãs que guiam nossa marca. Devido a isso, tomamos as seguintes providencias.
1- A retirada imediata da estampa em questão de todos os nossos canais de venda.
2- Uma revisão completa do nosso processo de criação e aprovação de estampas.
3- Investimento em treinamentos de conscientização para nossa equipe.
Seguiremos trabalhando para garantir que nossa marca seja um reflexo genuíno do amor de Cristo e uma ferramenta para unir, e não dividir, as pessoas.
O nosso setor jurídico encontra-se a disposição para esclarecer eventuais questionamentos”.
O G1 em contato com a marca, que respondeu por meio do seu advogado Juarez Braga. Disseram também sobre a imagem da mão necrosada, foi criada como uma metáfora de contaminação espiritual.
“Gostaria de esclarecer a intenção por trás da minha arte. A imagem da mão branca e da mão necrosada foi criada para ilustrar o versículo de Daniel 11:21, como uma metáfora da contaminação espiritual. A cor da mão necrosada não tinha a intenção de representar uma etnia específica, mas sim um estado de deterioração e impureza.“
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