A discussão sobre identidade ainda é muito limitada no país e, muitas vezes, pessoas negras de pele clara acabam sendo afastadas de seus verdadeiros traços culturais e ancestralidade, o que gera confusão e insegurança. Isso é o colorismo, que atinge boa parte da população, dentre eles, a cantora e compositora Liza Lou, que enfrentou todo um processo e hoje vem se reconhecendo como mulher negra.
Desde pequena, a artista ouvia dizerem que ela era uma pessoa parda e na época, até se contentava com isso, mas parou para se questionar, o quanto essa denominação não era um modo de embranquece-la. O colorismo está ligado exatamente a uma ação estrutural de embranquecimento no país, que cria relações e cenários desiguais, de acordo com o tom da pele.
“A cultura de embranquecimento é um legado histórico no nosso país. É uma cultura agressiva não só no aspecto físico, já que começa com colonizadores abusando de mulheres indígenas e pretas no Brasil colonial; mas também no aspecto social, afinal eles tentaram apagar toda cultura local”, declara a artista.
Liza diz que devido a essa cultura tão enraizada, as pessoas passam a não olharem para seus traços e histórias. “O colorismo traz essa ideia de hierarquização das pessoas segundo o tom de pele. Isso, ao meu ver, automaticamente gera uma divisão (às vezes até rivalidade) entre os pretos retintos e os pretos de pele clara. Acho que essa divisão enfraquece o movimento, e dividir nosso povo é uma forma de enfraquecer a nossa luta”, afirma Liza Lou.
A artista ressalta que esse reconhecimento pessoal está acontecendo em sua vida. “Eu tenho entendido a minha história, vivências, ancestralidade e traços. E entendendo também que meu lugar de vivência/de fala é diferente das de pessoas pretas retinhas”, diz.
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Entendendo que ainda há muita falta de informação sobre o tema, Liza explica que não usa sua voz para impor sua identidade, mas sim para abrir espaços para uma causa que precisa ser conversada e para transmitir toda sua experiência através da arte.