Ainda sem data de lançamento, a primeira publicação será Casa de Alvenaria.
Por Gabriel Ferreira
A Companhia das Letras, maior editora do Brasil, irá publicar diversas obras da escritora Carolina Maria de Jesus (1914-1977), mulher negra e periférica, autora do livro Quarto de Despejo: Diário de Uma Favelada, que, em 2020, completa 60 anos.
“É com muita alegria que a Companhia das Letras anuncia a publicação da obra de Carolina Maria de Jesus”, escreveu a editora, na última sexta-feira (17), em seu blog.
A iniciativa do projeto, segundo a editora, visa a “restituir a voz autêntica dessa grande escritora, trazendo ao público seu projeto literário por completo”. Além disso, “é ainda um esforço de reparar a rejeição e estigmatização que Carolina por décadas sofreu dos círculos literários, fruto de um racismo estrutural que lhe negava a presença nesses espaços”, concluiu a Companhia.
Entre as obras integrantes do trabalho, estão escritos memorialísticos, romances, poesia, música, teatro e narrativas curtas e, também, a recuperação de textos da autora registrados em cadernos espalhados em acervos pelo Brasil. O trabalho será supervisionado por um conselho editorial, formado por Vera Eunice de Jesus, filha da autora, Conceição Evaristo, escritora, e pelas pesquisadoras Amanda Crispim, Fernanda Felisberto, Fernanda Miranda e Raffaella Fernandez.
Ainda sem data de lançamento, a primeira publicação será Casa de Alvenaria, livro escrito por Carolina quando residia na Favela do Canindé, em São Paulo, e que faz parte da série “Cadernos de Carolina”, em que a editora “publicará os diários da escritora buscando a integridade dos manuscritos originais”. Sobre a obra, a Companhia das Letras declarou que “o livro retoma o título de 1961, porém ganha edição completamente refeita e ampliada”. Os livros Quarto de Despejo e Diário de Bitita, duas das mais famosas obras da escritora, não estão inclusos no projeto.
Conforme a editora, “todos os Cadernos de Carolina serão coordenados por Vera Eunice de Jesus e Conceição Evaristo e organizados pelas pesquisadoras do conselho editorial, além de contar com aparatos críticos inéditos”.