Livro diz que Flamengo é pioneiro na luta contra o racismo no futebol e Vasco se revolta

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O “Encontros História 3”, escrito por Cândido Grangeiro e publicado pela editora FTD Educação, em 2017, está causando revolta na torcida vascaína por apresentar Flamengo como pioneiro na luta contra o racismo no futebol. Embora tenha sido avaliado pelo MEC e selecionado no PNLD 2019, não foi inscrito no PNLD 2023. Na página 12, o livro aborda o tema “Negro no Futebol”, discutindo como a modalidade chegou ao Brasil apenas para a elite e como os negros eram proibidos de jogar nos times dos brancos e participar dos campeonatos oficiais.

O livro, no entanto, apresenta uma informação equivocada, afirmando que o Flamengo foi pioneiro na luta contra o racismo no futebol nos anos 1930, ignorando a participação dos negros no futebol brasileiro nas primeiras décadas do século XX, em clubes como Bangu, Vasco e Ponte Preta. A história do Vasco da Gama é especialmente importante, já que o clube contribuiu de forma decisiva para a inclusão de jogadores que não pertenciam a elite.

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Torcida do Vasco relembra as origens do clube em São Januário. Foto: Divulgação

Em 1923, o Vasco chocou a sociedade carioca ao vencer o título com um time formado por muitos jogadores negros. Independentemente de quem foi o primeiro clube a aceitar um jogador negro, o Vasco fez história ao se recusar a disputar o estadual sem os jogadores negros, conforme exigência imposta pelos dirigentes da época. O clube exibe com orgulho a réplica do manifesto chamado “Resposta Histórica”, assinado em 7 de abril de 1924, pelo então presidente José Augusto Prestes, em sua sede em São Januário.

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Em uma nota dirigida a leitores, professores e torcedores dos clubes, a editora FDA afirmou que usou as melhores fontes de pesquisa disponíveis no momento da produção da obra Encontros – História. A editora ainda destacou que a produção de materiais de qualidade sempre foi prioridade, visando a correção, atualização e renovação.

A Secretaria Municipal de Educação do Rio confirmou que o livro faz parte do catálogo do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), adotado por professores e escolas para trabalharem com turmas de 3º ano. No entanto, a SME afirmou que outros livros também são adotados na rede pública para mostrar a multiplicidade do pensamento educacional, cultural e esportivo, além de possuir material próprio para sua rede de escolas, produzido por seus professores: os Cadernos RioEduca, que apoiam as habilidades do currículo escolar carioca.

Após receber notificações, a editora se dispôs a revisar o conteúdo apresentado no livro e agradecer o interesse e as mensagens dos que enviaram questionamentos. Segundo a SME, o objetivo é aprimorar ainda mais os materiais, e a revisão será feita com a mesma disposição com que foi inaugurada.

Jerson Pita

Jerson Pita

Jornalista, marqueteiro, pesquisador e periférico. Cria de Duque de Caxias, escreve sobre entretenimento, sociedade e esportes. No mestrado, pesquisa a autoridade jornalística e a migração da mídia tradicional para o Youtube.

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