Levantamento revela a existência de 530 grupos neonazistas no Brasil

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A falta de legislação contra discursos de ódio e aplicação de penalidades mais contundentes contra os grupos extremistas faz crescer o número de neonazistas no Brasil. É o que mostra o levantamento da antropóloga Adriana Dias, que revela também que, entre janeiro de 2019 e maio de 2021, houve um aumento de 270% no registro dos núcleos extremistas.

Nos EUA – Grupo nacionalista na Geórgia: antissemitismo Spencer Platt/Getty Images

Os dados foram revelados pelo Fantástico na noite do último domingo (16) e mostra que as células neonazistas cresceram nas cinco regiões brasileiras, nos últimos três anos. Adriana revela ainda que existem semelhanças entre os grupos neonazistas. “Eles começam sempre com o masculinismo, ou seja, eles têm um ódio ao feminino e por isso uma masculinidade tóxica. Eles têm antissemitismo, eles têm ódio a negro, eles têm ódio a LGBTQIAP+, ódio a nordestinos, ódio a imigrantes, negação do holocausto”, revela em entrevista ao Fantástico.

O levantamento mostrou também que, cerca de 10 mil pessoas fazem parte dessas chamadas células extremistas em todo o país. A reportagem identificou que as redes sociais são os principais meios de disseminação das ideias e existem, inclusive, mensagens exaltando Adolf Hitler, em muitos casos.

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Ainda segundo Adriana, os grupos neonazistas se concentravam na região Sul do país, mas eles se espalharam pelo Brasil, com destaque para o Centro-oeste e Sudeste, com destaque para Rio de Janeiro e Minas Gerais. “Na capital fluminense, inclusive, uma operação policial que tinha como objetivo prender um homem acusado de pedofilia acabou se tornado uma das principais apreensões de material nazista no país”, afirma.

Cláudia Dadico, juíza federal e pesquisadora do tema, ressalta que a falta de legislação específica dificulta o combate a essas células extremistas. “Os casos que tenho acompanhado da Polícia Federal tem tido realmente um esforço grande no sentido de investigar e punir. O que ocorre é que muitas vezes alguns operadores do direito têm uma compreensão da liberdade de expressão que acaba, de certa forma, obstaculizando a punição desses crimes, que claramente não se situam dentro do campo da liberdade de expressão”, lamenta.

Para o prmotor de justiça do Grupo de Atuação e Combate ao Crime Organizado do Rio de Janeiro (Gaeco-RJ), Bruno Gaspar, “a liberdade de expressão não é ilimitada. Ela não autoriza manifestação discriminatória ou preconceituosa”, finaliza.

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