Mãe de dois filhos, avó, atriz, Diretora Institucional da Mangueira do Amanhã, defensora das mulheres negras na ONU Mulheres, e além disso, musa fitness. Essa é Kenia Maria, uma mulher multifacetada que em entrevista ao Notícia Preta, falou sobre sua carreira e sobre manter a boa forma chegando aos 50 anos.
“Tenho um feedback bem interessante nas minhas redes sociais tantos de marcas de suplementos e ligadas ao mundo Fitness quanto do meu público, que estranha esse lugar de uma mulher preta que escreve palestra fala sobre direitos humanos e se cuida e aparece de biquíni isso. Me faz refletir muito né sobre toda a nossa conversa sobre os nossos direitos de reivindicar a humanidade“, declara ela.
Kenia fala sobre os maiores desafios de ser uma mulher preta ocupando espaços de destaque em áreas tão diferentes, ressaltando a importância do Carnaval em sua vida, e de como o samba a ajuda a enfrentar essas dificuldades.
“O grande desafio para colocar essa terceira pergunta é realmente lembrar ou não esquecer de ser feliz, de usar o samba. Eu que sou mulher de samba, tenho muito orgulho de falar disso. Usar essa ferramenta poderosíssima para promover a felicidade, o sorriso do povo. Estou construindo a felicidade para a minha próxima geração. Isso não é importante e esse é o maior desafio antes de tanta luta e tanta adversidade“, responde ela.
Atuando como defensora do direito de muloheres negras na ONU Mulheres, Kenia Maria fala sobre a visão e ações no combate às desigualdades.
“Quando paro para refletir, percebo que não é uma escolha discutir igualdade, discutir política, discutir direitos humanos. Quando se nasce uma mulher negra como, nascida em Del Castillo, no subúrbio do Rio de Janeiro. Também nos anos 70, pós-ditadura, ainda a meia-ditadura. Não é muito uma escolha ser ativista ou não. Quando você tem sonhos de ser uma artista reconhecida, eu ainda tenho que realizar algumas coisas, mesmo chegando uma mulher a prestes de completar cinco décadas“, declara ela.
Para ela, ainda existe alguns sonhos que não foram realizados, e isso a motiva mais para realizar, já que acredita que é necessário não se calar e nem se acomodar.
“Eu preciso vestir uma camisa e lutar e reivindicar minha unidade, reivindicar meus direitos. Não é muito uma escolha, mas é importante viver isso. eu preciso arregaçar as mangas e isso está posto para pessoas não negras, né. E chegando aos quase cinco décadas, eu faço questão de falar isso, ainda tenho sonhos de realizar, ainda tenho arte como desafio, eu sou uma atriz formada. Então, essa luta me levou para outros caminhos, para garantir a comida na mesa, educação para os meus filhos e deixar alguns sonhos para trás” finaliza ela.
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