Na Nigéria, um artista plástico está transformando a vida de pessoas negras com um trabalho inovador e profundamente humanizado. John Amanam, formado em Artes e Design pela Universidade de Uyo, desenvolve próteses hiper-realistas feitas especialmente para peles negras. Seu trabalho preenche uma lacuna histórica na medicina e no design, marcada por décadas de exclusão racial nos padrões estéticos e funcionais das próteses convencionais.
A ideia surgiu de uma experiência pessoal: após um membro de sua família perder um dedo, Amanam percebeu que não havia opções de próteses compatíveis com o tom de pele de pessoas negras. A maioria das próteses disponíveis no mercado era desenvolvida com base em tons de pele clara, majoritariamente caucasiana. Diante dessa ausência, ele decidiu aplicar sua formação em escultura e modelagem para criar soluções que representassem com fidelidade a pele melanizada africana.
Fundador da empresa Immortal Impressions, localizada em Uyo, no sul da Nigéria, John desenvolve mãos, dedos, pés, orelhas e outras partes do corpo com impressionante nível de realismo. As próteses são feitas com silicone médico e pintadas à mão, com atenção a detalhes como veias, rugas, unhas e até pelos, buscando reproduzir com precisão a textura e o tom da pele de cada cliente.
O trabalho de Amanam vai além da estética: ele devolve dignidade, identidade e autoestima a pessoas negras amputadas. Em um continente onde milhões de pessoas vivem com deficiências físicas — muitas delas causadas por acidentes, conflitos ou doenças, a representação racial também se mostra essencial na reabilitação.
A visibilidade de seu trabalho tem crescido dentro e fora da África. Reconhecido como o primeiro escultor de próteses voltadas especificamente para peles negras no continente, John Amanam é hoje um símbolo de inovação e reparação histórica. Sua missão, segundo ele mesmo, é simples: “Quero que as pessoas negras possam olhar para suas próteses e se reconhecer nelas. Quero que elas se sintam completas”.
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