Em parceria com IPEAFRO (Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros), Inhotim, em Brumadinho, na Grande Belo Horizonte, traz ao público o Museu de Arte Negra (MAN), projeto idealizado pelo Teatro Experimental do Negro sob a liderança de Abdias Nascimento (1914-2011).
A iniciativa marca os dez anos da morte do intelectual, e apresenta um dos principais legados deixados por Abdias, o MAN. A instituição foi criada pelo artista na década de 1960, e, desde então, atua promovendo exposições em várias partes do país.
O público poderá visitar o acervo no Inhotim no dia 4 de dezembro. Ao longo dos próximos dois anos, várias obras do Museu de Arte Negra também vão fazer parte da mostra.
A iniciativa traduz o desejo do intelectual de desafiar os conceitos vigentes sobre a arte moderna, revelando sua relação com a estética africana. Além disso, procura apoiar e promover a produção de artistas negros de todo o mundo e enfrentar o racismo em suas dimensões estética e institucional.
“Porque tanto o teatro como a pintura são apenas instrumentos que eu uso para valorizar, para projetar os valores da cultura africana no Brasil. No meu entender, o negro tem que se organizar, se tornar realmente uma força significativa que mostre que ele é um cidadão consciente, e está disposto a se autodeterminar, que ele está disposto a assumir o seu protagonismo na história do Brasil”.essa era a proposta do artista, escritor, dramaturgo, curador, professor e político Abdias Nascimento.
Noventa obras de Abdias e de outro renomado artista plástico brasileiro, Tunga, serão expostas.
Um dos fundadores do Museu de Arte Negra, o escultor José Heitor da Silva, do interior de Minas Gerais, conta que a iniciativa liderada por Abdias na década de 1960 o libertou naquela época, saindo de um lugar de pobreza e marginalização. Para ele, até hoje, a instituição tem esse papel.
“O Abdias veio me buscar aqui em Além Paraíba em 1966. Ele estava com a intenção de montar esse Museu de Arte Negra e procurava em todos os lugares onde havia negros fazendo obras de arte e até hoje eu tenho – não é vaidade não – um orgulho de ter me encontrado através das artes. E o Museu de Arte Negra, pode saber disso, é reconhecido não só aqui, mas lá fora também”.