Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (03), mostram que as populações indígena e quilombola são notavelmente mais jovens do que o conjunto da população brasileira. Metade dos indivíduos desses grupos possui até 25 anos, no caso dos indígenas, e até 31 anos, no caso dos quilombolas, em comparação com os 35 anos da média nacional.
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Pela primeira vez, o Censo Demográfico de 2022 fornece informações específicas sobre essas comunidades. No que diz respeito aos indígenas, os dados revelam uma distribuição etária mais jovem em comparação com a população em geral. Os números mostram que 46,18% dos indígenas têm 24 anos ou menos, enquanto 36,84% estão na faixa etária entre 25 e 54 anos. Os idosos com 55 anos ou mais representam 17,98% desse grupo.
Por outro lado, os quilombolas também apresentam um perfil demográfico notavelmente jovem. Quase metade (48,44%) dos quilombolas têm 29 anos ou menos, enquanto 38,53% estão na faixa etária de 30 a 59 anos. A presença de idosos com 60 anos ou mais é de 13,03%.
A mediana de idade entre os indígenas é de 24 anos, enquanto entre os quilombolas é de 31 anos, em comparação com a mediana nacional de 35 anos. Essa diferença ressalta o perfil mais jovem dessas comunidades étnicas, especialmente quando se considera apenas os territórios indígenas e quilombolas delimitados.
Pesquisadores do IBGE atribuem essa juventude demográfica a fatores como elementos culturais e condições favoráveis que promovem famílias numerosas dentro dessas comunidades. A vida comunitária, por exemplo, proporciona um ambiente propício para o apoio mútuo no cuidado com os filhos.
Além disso, os dados revelam um equilíbrio de gênero incomum entre os quilombolas, com uma proporção mais elevada de homens do que a média nacional. Enquanto o Brasil possui 94,25 homens para cada 100 mulheres, entre os quilombolas essa proporção é de 100,08 homens para cada 100 mulheres. Nos territórios indígenas e quilombolas delimitados, essa proporção aumenta ainda mais, para 105,89 homens para cada 100 mulheres.
Essa disparidade de gênero levanta questões interessantes e aponta para possíveis tendências demográficas e sociais únicas dentro dessas comunidades. Hipóteses incluem uma menor mortalidade masculina, talvez relacionada a um ambiente mais seguro nos territórios delimitados, e a necessidade de investigar a mortalidade materna e a migração de mulheres para outras localidades.
Apesar do perfil mais jovem, os pesquisadores observam uma possível queda gradual da fecundidade nos últimos anos, que é evidenciada pelo encurtamento da base da pirâmide etária.
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