O povo Avá-Guarani tem sido alvo de constantes ataques. Durante a semana da virada de ano a violência se intensificou na comunidade Yvy Okaju (que já foi chamada de Y’Hovy), localizada na cidade de Guaíra Paraná (PR). No ataque do dia 3, quatro indígenas foram atingidos por tiros, uma criança de 7 anos foi atingida no pé, um jovem nas costas, um outro na perna e o quarto foi atingido no maxilar.
De acordo com líderes da comunidade, quatro homens entraram na comunidade armados e chegaram atirando na casa dos indígenas. Nenhum dos atingidos corre risco de morte, entretanto o homem que levou tiro no maxilar passar por situação grave. Todos foram levados ao Hospital Bom Jesus, em Toledo (PR).
“Pelo amor de Deus, nós estamos cercados. Cercados de verdade. Cercados por pistoleiros. Estamos pedindo socorro”, dizia um áudio enviado por um indígena, que continuou: “Se os policiais não agirem, a gente não sabe quantos de nós serão atingidos”.
“Será que alguém vai acreditar? Até quando eles vão dizer que só foi rojão? Estamos cansados de tudo isso. Estamos cansados de ver que até as crianças estão sendo baleadas”, dizia outro.
O Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) determinou o aumento de 50% no efetivo da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP) no local e afirma que: “As medidas preventivas estão em curso para evitar a escalada de tensões”.
Segundo a comunidade local, no domingo 29 o ataque partiu de três homens em motos que usaram bombas caseiras. No dia 31 e dezembro, houve outro ataque, no qual de acordo com os locais, seis homens homens incendiaram uma casa e balearam um indígena no braço com um rifle calibre .22, além de terem feito outros disparos na aldeia.
Disputa por terra
Em 2018 a Aldeia em questão foi retomada pelos Avá-Guarani, o local é parte da Terra Indígena Guasu Guavirá, que já foi delimitada e identificada pela Funai em 2018, se sobrepondo a 165 fazendas. Mas nos últimos 8 anos o processo de demarcatório ficou parado e no dia 5 de julho os indígenas fizeram sete ocupações no território. No dia 27 de julho um acampamento não indígena também se instalou no lugar e o conflito se acirrou desde então.
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