Ilê Omiojuarô preserva tradições oferecendo ciclo gratuito de oficinas em setembro

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Visando preservar e manter vivas as tradições de Axé, um dos terreiros de candomblé mais tradicionais do Rio de Janeiro, o Ilê Axé Omiojuarô – a Casa de Mãe Beata de Iemanjá – liderada pelo filho biológico da matriarca desde seu falecimento em 2017, Babá Adailton Moreira, dá início a um ciclo de oficinas gratuitas nos próximos dias 07 e 09 de setembro.

Entre as atividades estão: introdução à cozinha de terreiro e o preparo do Acarajé (15 vagas), imersão musical com percussão para crianças (15 vagas) e saberes sobre o ofício de trancista e a história dessa técnica ancestral (20 vagas).

Ilê Omiojuarô
Foto: Divulgação/Mazé Mixo

As inscrições já estão abertas e vão até o dia 03 de setembro de 2022. Para se inscrever é preciso preencher o formulário e aguardar o resultado da seleção, que sai no dia 05 de setembro de 2022, no próprio site do Ilê.

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As oficinas são atividades que integram o Projeto Alajô: Novos Paradigmas para uma Sociedade sem Racismo e Violência, que conta com o apoio do Programa Latino Americano da OPEN SOCIETY FOUNDATIONS (OSF). A iniciativa é uma parceria com a Ong Criola e teve início ainda no ano de 2021. O Omiojuarô completou 37 anos em 2022 e, desde então, segue sendo uma forte referência não apenas de tradição afro religiosa; mas também de cultura e resistência.    

Programação 

Cozinhando com Axé – oficina de Acarajé – mediação: Iyá Doya – Iyá  Kekerê  do Ilê  Omiojuarô

Iyá Doya Moreira, Iyá Kekerê do Ilê Omiojuarô, é filha biológica de Mãe  Beata de Iemanjá,  além de  cozinheira  de comidas  afro-brasileiras e da cozinha de terreiro. Trabalhou com tabuleiro de Acarajé e quitutes, com barraca na rua, depois administrou um restaurante modesto no bairro de Miguel Couto, na cidade de Nova Iguaçu/RJ. Por muitos anos, essa era a forma de conseguir sustento para a sua família, sua companheira e seus filhos também ajudavam no ofício. Durante cinco anos levou seu projeto à frente, o buffet Doyana’s Comida de Terreiro, pausado em função das obrigações e funções que exerce na comunidade.

Foto: Divulgação/Mazé Mixo

Ao longo da oficina, Cozinhando com Axé, o ensinamento é repassado por Iyá  Doya, sobre a forma tradicional do preparo do Acarajé.  Envolvendo a elaboração do prato, a utilização dos ingredientes, os acompanhamentos, o modo de servir e as diferentes maneiras de apresentação do Acarajé. O Acarajé  é o maior símbolo da comida de terreiro, da culinária africana em Diáspora, apreciado e adorado por muitos. 

Data: 07/09/2022 – 15h às 18h.

Local: Ilê Axé Omiojuarô.

Número de vagas: 15

Link de Inscrição: https://forms.gle/LBSmPyox9ufLVTQz7

Oficina de percussão para crianças (agogô) – mediação: Babá Otunilê Noan Moreira e Ogan Ayko Ayobinan

Provocações e experimentações para facilitar e mediar as relações das crianças com os sons ao redor. Um dos principais objetivos é que os pequenos possam, coletivamente, utilizar a audição como sentido primário através dos sons existentes na natureza e que nos remetem aos sentimentos, memórias e afetos. A base dessa imersão musical é a percepção dos sons ocultos existentes no entorno.

Babá  Otunilê do Ilê  Omiojuarô, Noan Moreira, é filho biológico da Iyá Kekerê do Ilê Omiojuarô, Doya Moreira, e neto de Mãe Beata de Iemanjá, Beatriz Moreira Costa. É educador, músico e produtor cultural. Tem sua pesquisa baseada no afeto sonoro, nos sentimentos e reações atribuídos aos efeitos causados pelo som como sentido primário. Sua vivência relacionada às religiões de matrizes africanas agregam a sua formação sensibilidade e um olhar diferenciado para natureza e suas possibilidades sonoras

Ogan Alabê do Ilê Omiojuarô, Ayko Ayobinan, é percussionista, desenvolve atividades educativas, direcionando o seu trabalho por meio da musicalidade de terreiro, para a inclusão de crianças e jovens no mundo da música, ferramenta na luta antirracista e de resistência ao racismo religioso, por meio de ritmos afrodiaspóricos.

Data: 07/09/2022 – 15h às 18h.

Local: Ilê Axé Omiojuarô.

Número de vagas: 15

Link de Inscrição: https://forms.gle/E7qkqZfRnW2FYLHJ8

Trançando ancestralidade – oficina de tranças – mediação: Iyá Egbé  Kcia, Egbon Laremi, Fomu de Iemanjá Luane

A oficina, dividida em dois módulos, terá no primeiro um breve panorama social, cultural e político dos corpos e cabelos africanos e afrodiaspóricos, por meio de debates sobre a história do cuidado com o corpo e da manipulação estética dos cabelos. Mediado por Luane Bento dos Santos.

Foto: Divulgação

O objetivo é mostrar como certos penteados, tratamentos e produtos usados na contemporaneidade são heranças culturais dos povos africanos, com o intuito de combater narrativas baseadas em estereótipos e preconceitos raciais que desqualificam as pessoas negras e suas heranças culturais. 

No segundo módulo, haverá um laboratório do trançar, com demonstração de dois penteados do ofício ancestral, ministrados por Iyá Egbé Kcia e por Egbon mi Laremi, nossas mais velhas do Ilê Omiojuarô.

Iyá Egbé do Ilê Omiojuarô, Kcia Chagas, é a Ekedi Kcia de nossa comunidade, aprendeu o ofício de tranças bem novinha, na época, morava no Ilê Omiojuarô, comunidade de terreiro onde cresceu e foi criada por Mãe Beata de Iemanjá. Participou de diversas oficinas para mulheres negras com a temática das tranças. Foi desenvolvendo o ofício dentro da própria comunidade, passando os ensinamentos nos cuidados com as filhas da casa e com sua filha, Laremi, Egbon do Ilê Omiojuarô. Por muitos anos trabalhou como trancista. É Técnica de enfermagem, costureira e mãe da comunidade.

Egbon do Ilê Omiojuarô, Laremi Emiliano, cresceu usando tranças, feitas pelo seu pai Adailton, Babalorixá do Ilê Omiojuarô, e também, feitas pela sua mãe Kcia, a Iyá Egbé do Ilê Omiojuarô. Em 2016, iniciou o processo de transição capilar, retomando os usos e sentidos dos penteados africanos, com técnicas para penteados e para cabelos crespos, buscou aprendizado técnico na área de trancista. Trabalhou em lojas de cabelos orgânicos, e, no período da pandemia iniciou sua trajetória como trancista e abriu seu próprio ateliê, o Espaço Abiodé. Egbon mi Laremi atua como trancista e tem se especializado cada vez mais na área, buscando suas referências no terreiro, nos saberes ancestrais e familiares, sobre os penteados e os cuidados com os cabelos. Graduada em Estética, sua referência principal como trancista é a religiosidade do candomblé. Pretende se especializar na área capilar, especificamente em tricologia, em tratamentos para cabelos crespos e cuidados com a saúde capilar de pessoas que usam tranças e penteados africanos.

Luane Bento dos Santos – Fomu de Iemanjá do Ilê Axé Ialodê Oxum Karé Ade Omi Arô, é Doutora em Ciências Sociais/PUC-Rio, docente de Sociologia e Filosofia na SEEDUC-RJ.

Data: 09/09/2022 – 15h às 17h e 30m.

Local: Ilê Axé Omiojuarô.

Número de vagas: 20

Link de Inscrição: https://forms.gle/edvnKV7PJFkt5CmD9

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