IA feminista brasileira passa a monitorar o Congresso e avaliar impacto de projetos sobre mulheres e LGBT+

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Uma ferramenta criada pelo Instituto AzMina passou a acompanhar automaticamente projetos de lei que podem afetar meninas, mulheres e pessoas LGBT+, e é conhecida como IA feminista. A tecnologia recebeu o nome de QuitérIA e foi apresentada neste mês, após ser construída com base em um grande acúmulo de análises realizadas manualmente ao longo dos últimos cinco anos por organizações especializadas em direitos humanos.

A gestora de programas e projetos do AzMina, Ana Carolina Araújo, explicou em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato, que o principal diferencial da QuitérIA está no seu processo de formação. Ela afirmou que “ela foi treinada a partir de cinco anos de trabalho humano. Tivemos 25 organizações de direitos humanos, com pessoas especializadas fazendo essa análise manualmente. A partir desse banco de dados imenso, com análise altamente especializada, treinamos um modelo de inteligência artificial”.

A IA feminista oferece consultas a projetos analisados desde 2019 e apresenta um recurso visual chamado criteriômetro – Foto:Marcelo Camargo/Arquivo Agência Brasil.

Araújo acrescentou que os modelos utilizados são o BERTimbau e o DeBERTina, ambos desenvolvidos no Brasil e baseados no BERT. Segundo ela, o sistema replica o método dessas equipes ao avaliar cerca de 1.600 proposições legislativas que impactam a vida de mulheres, meninas e da comunidade LGBT+, mesmo quando os textos não mencionam explicitamente gênero.

Outro ponto enfatizado é que a QuitérIA foi concebida a partir de referências feministas e com foco em sustentabilidade tecnológica. Araújo explicou que se trata de um modelo leve, capaz de funcionar em computadores comuns, e que está disponível ao público pelo site elasnocongresso.com.br.

A IA feminista oferece consultas a projetos analisados desde 2019 e apresenta um recurso visual chamado criteriômetro, que indica se a proposição favorece ou prejudica esses direitos. A gestora contou que “quanto mais a setinha está para verde, ele é mais favorável; e quanto mais a setinha está para vermelho, mais desfavorável”.

Araújo também destacou que a iniciativa reforça a presença de mulheres em espaços tecnológicos e defendeu o desenvolvimento de modelos não colonizatórios e não exploratórios. Por ser aberta e reutilizável, a QuitérIA pode ser adaptada para outras áreas, como a defesa dos direitos de crianças.

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Thayan Mina

Thayan Mina

Thayan Mina, graduando em jornalismo pela UERJ, é músico e sambista.

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